A Fiocruz e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) assinaram, nesta terça-feira (13), no 8° Fórum Big Data em Oncologia, um acordo de cooperação técnica visando desenvolver novos produtos e incorporar tecnologias que facilitem o tratamento do câncer e diminuam os custos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa é uma parceria inédita reunindo duas instituições de ponta do sistema público de saúde. Além disso a Fiocruz está se unindo com a empresa farmacêutica francesa Servier, da segunda edição de um prêmio internacional que visa estimular projetos para o desenvolvimento de terapias inovadoras para pacientes com câncer. O 8° Fórum Big Data em Oncologia contou com painéis em que foram discutidos o acesso dos pacientes e os custos para o SUS.
O vice-presidente de Produção e Inovação da Fiocruz, Marco Aurélio Krieger, lembra que, enquanto produtora de insumos, a Fiocruz procura atender algumas demandas importantes do SUS que estão relacionadas às doenças crônico-degenerativas, notadamente o câncer, que cada vez causam mais impactos ao sistema de saúde, função que impulsionou o acordo com o Inca.
– A parceria com o Inca favorece uma interação importante entre os pesquisadores das duas instituições. O acordo prevê desdobramentos do ponto de vista do diagnóstico, da saúde pública de precisão, do uso das ferramentas de sequenciamento genômico para identificar as melhores alternativas terapêuticas e ainda o desenvolvimento de novas terapias, quer seja por produtos biológicos ou sintéticos ou ainda as mais avançadas tecnologias, que têm grande potencial de uso contra o câncer e estão chegando ao Brasil – afirma Krieger.
Para o coordenador de Pesquisa e Inovação do Inca, João Viola, a cooperação entre a Fiocruz e o Inca tem como objetivo principal estreitar as relações entre as duas instituições no ensino, pesquisa e inovação na área do câncer.
– Estamos juntando esforços para resolução de problemas relacionados à área de oncologia, assim como no desenvolvimento de conhecimentos acerca de pontos considerados estratégicos – declara.
Na prática a parceria entre a Fiocruz e o Inca vai funcionar por meio de grupos de pesquisa específicos, com pesquisadores da Fiocruz e do Inca, que vão trabalhar na validação e desenvolvimento de novas ferramentas, para a área de medicamentos, de diagnóstico e de biológicos e terapias avançadas.
Para Krieger, o 8° Fórum Big Data em Oncologia é um divisor de águas.
– Vamos solidificar um movimento da Fiocruz de dar maior atenção às doenças crônico-degenerativas, estabelecendo um novo patamar na área ao associar diferentes grupos de pesquisa da instituição com atores externos”. O Fórum teve por objetivo organizar informações, dar visibilidade aos achados e fomentar a discussão sobre a aplicação dos dados no planejamento, elaboração e monitoramento das políticas de atenção oncológica. Dois pesquisadores-associados do Centro de Estudos Estratégicos (CEE) da Fiocruz, o ex-ministro da Saúde José Temporão, e o ex-diretor do Inca Luiz Antonio Santini, participaram do Fórum e fizeram parte de painéi – declarou.
Durante o evento também foi divulgado o estudo sobre os gastos federais, não incluindo números estaduais, municipais, filantrópicos e privados, na área de saúde, em 2022, que passaram de R$ 136 bilhões. Deste total, mais de R$ 62 bilhões foram gastos em assistência hospitalar e ambulatorial e quase R$ 4 bilhões em tratamento oncológico. Estes R$ 4 bilhões se dividem em tratamento ambulatorial (77%), cirurgias (13%) e internações (10%). A pesquisa foi apresentada pela Coordenadora de Pesquisa da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), Nina Melo.
De acordo com Nina, houve um aumento houve um aumento de 402%, de 2018 a 2022 no custo médio dos procedimentos de tratamento do câncer (quimioterapia, radioterapia e imunoterapia). Um procedimento que em 2018 custava R$ 151,33 subiu passou para R$ 758,93 em 2022. O custo médio com internação chegou a R$ 1.082,22 e o gasto com cirurgia alcançou R$ 3.406,07.
De acordo com a médica sanitarista, CEO da Abrale e conselheira estratégica do TJCC, Catherine Moura, saber o custo do tratamento oncológico é crucial para que as instituições possam aplicar os recursos públicos com maior eficiência e como melhor direcionar as políticas de prevenção e controle da doença.