O governador Cláudio Castro, (PL), está acompanhando, junto com a cúpula da segurança, o dia seguinte à onda de ataques ao sistema de transportes do Rio de Janeiro no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) do estado. Ele anunciou que na quarta-feira (25) viajará a Brasília para se encontrar com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
Castro expressou sua intenção de endurecer a legislação federal no que se refere a crimes de terrorismo. Ele argumentou que é necessário estabelecer penas mais rígidas, como 30 anos em regime fechado, sem possibilidade de progressão. Atualmente, a lei prevê penas que variam de 12 a 30 anos, dependendo do caso, e os condenados podem eventualmente cumprir pena em regime semiaberto, por exemplo.
O governador enfatizou a necessidade de medidas mais severas para evitar que a situação de segurança no Rio de Janeiro se assemelhe à violência em países como México e Colômbia.
Em relação aos recentes ataques ao sistema de transporte, Castro revelou que pediu ao Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) um monitoramento diário dos índices de violência nas áreas dominadas pela milícia de “Zinho.”
O governador também enfatizou que as forças de segurança estão em estado de alerta contínuo e que as operações policiais nas ruas permanecem intensificadas até que a situação seja totalmente normalizada.
Ele informou que, dos 12 detidos em conexão com os ataques, seis permanecem presos, enquanto os outros seis foram soltos por falta de provas. No entanto, esses seis serão transferidos para presídios federais.
Castro apelou pela integração entre as forças de segurança, argumentando que as armas e as drogas não estão sendo produzidas no local, mas estão entrando pelas estradas federais, portos e aeroportos. Somente através de uma abordagem coordenada, afirmou ele, será possível resolver a questão da criminalidade no Brasil.
Ele destacou que a criminalidade, concentrada no Rio, tornou-se um problema nacional, incluindo a questão do poder bélico e da lavagem de dinheiro.
Em relação aos ataques ocorridos na sequência da morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como “Faustão” ou “Teteu,” o governador os classificou como “ações terroristas.” Ele afirmou que a estratégia das autoridades é prender os três principais criminosos do estado: Zinho, Tandera e Abelha. Castro destacou que os ataques refletem a pressão que os criminosos estão enfrentando por parte das forças de segurança.
Matheus Rezende, Faustão, era sobrinho do miliciano Zinho, líder da maior milícia do Rio. Tandera comanda outra milícia, e Abelha lidera o Comando Vermelho, a maior facção de tráfico do Rio.
O governador mencionou que Faustão, além de envolvimento com a guerra entre facções e narcomilícias, era considerado o possível sucessor do miliciano Zinho.
Castro relatou que, durante uma operação, o “número 02” da facção foi morto, e as autoridades continuam em busca da prisão de Zinho nas próximas horas.
Ele ressaltou que a reação dos criminosos aos recentes acontecimentos foi anormal e demonstra que eles se sentem encurralados pelas forças de segurança.
Os ataques resultaram na queima de pelo menos 35 ônibus e um trem na Zona Oeste do Rio na segunda-feira (23). Esse episódio marcou o dia com o maior número de ônibus incendiados na história da cidade, de acordo com o Rio Ônibus.
Entre os ônibus incendiados, 20 pertenciam à operação municipal, 5 eram do BRT, e outros eram veículos de turismo/fretamento. Além disso, outros veículos e pneus foram incendiados, interrompendo o tráfego em diversos bairros, incluindo Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra, Tanque e Campinho.
Pelo menos 12 suspeitos de ataques a ônibus foram levados para a 35ª DP (Campo Grande). Passageiros tiveram que abandonar alguns ônibus às pressas momentos antes dos criminosos atearem fogo. Em um incidente no Recreio, uma passageira do BRT caiu ao sair do ônibus.