Um admirador do futebol brasileiro. Assim pode ser descrito Gustavo Alfaro, argentino de 60 anos que tem em mãos convite para assumir o Vasco. O treinador está analisando a oferta e o elenco vascaíno, e a simpatia pelo futebol do país pesa a favor do clube carioca, que aguarda uma resposta em breve.
Alfaro tem uma longa carreira de 30 anos como treinador, quase toda ela construída na Argentina. Foi lá que conquistou seus principais títulos, como a Copa Sul-Americana em 2007, com Arsenal de Sarandí, e o seu único título argentino, com o Boca Junior, em 2019.
No Brasil, no entanto, ficou marcado em 2021 por seus elogios a Tite e à seleção brasileira, na Copa América. Após o empate por 1 a 1 no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, que colocou fim à sequência de 10 vitórias do Brasil, Alfaro rasgou elogios ao adversário e previu o título brasileiro na Copa do Mundo do Catar. Mal sabia ele que seu país se tornaria tricampeão mundial no ano seguinte.
– Siga lutando, porque esta é sua e você vai terminar sendo campeão do mundo. Lembre-se do que estou te dizendo. Você dignifica isso – disse Alfaro a Tite, em vídeo que viralizou na internet.
Após a partida, o argentino reforços sua admiração por Tite e pela Seleção.
– Eu o admiro muito. O Brasil vive essa realidade (atual) graças aos jogadores e ao talento que tem, mas esse talento tem um condutor. Tite é uma alma mater que deu sentido a esse talento, ao Brasil – disse na época.
Foi à frente da seleção equatoriana, inclusive, que Alfaro realizou seu sonho de disputar uma Copa do Mundo. Em 2020, ele substituiu Jordi Cruyff – filho do ídolo holandês Johan Cruyff – e assumiu o desafio de trabalhar diante do impacto da pandemia da Covid-19, que interrompeu o planejamento para as Eliminatórias da Copa de 2022. Alfaro não apenas classificou o Equador na quarta colocação, como comandou uma renovação na seleção local, que havia ficado fora da Copa de 2018.
O último trabalho de Alfaro em clubes foi no Boca Juniors. Contratato em dezembro de 2018, ele substituiu Gustavo Schelloto após a derrota para o River Plate na decisão da Libertadores.
Alfato foi o responsável por resgatar a confiança do clube, após uma das derrotas mais dolorosas de sua história. E teve êxito. Levou o Boca ao título argentino em 2019, com um ponto a mais que o rival River Plate.
– Esse clube estava acostumado a ser campeão e procurei resgatar esse Boca batalhador e vencedor – disse Alfaro, logo após a conquista.
Ao longo da campanha, sua decisão mais importante e polêmica foi barrar Carlos Tévez, um dos maiores ídolos do Boca neste século. Estrela internacional, o atacante retornou ao clube em 2018 para encerrar a carreira, mas perdeu a titularidade com a chegada de Alfaro. Tevéz acatou a decisão, colaborou como reserva e acabou marcando o gol do título.
– Tivemos uma conversa franca, frente a frente. O Tévez entendeu, quer sair do Boca pela porta da frente. Isso tornou as coisas mais fáceis para nós – disse Alfaro na época.