O departamento jurídico do Vasco entrou em campo nos últimos dias para tentar reverter uma questão que pode ter impacto direto no desempenho esportivo da equipe: a interdição de São Januário. Por decisão liminar da Justiça, o estádio no momento está impossibilitado de receber eventos, incluindo os jogos do Vasco.
Por conta dos episódios ocorridos depois da derrota para o Goiás na quinta-feira passada, com arremesso de rojões e confronto de torcedores com a polícia, o clube sofreu punições em duas esferas diferentes, ambas em caráter preventivo: no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o gancho foi de 30 dias sem sua torcida; e no Tribunal de Justiça, teve seu estádio interditado por tempo indeterminado.
Por isso, precisou levar o jogo contra o Cuiabá para o Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, com os portões fechados.
No fim de semana, o jurídico do Vasco recorreu nas duas frentes, mas teve ambos os recursos rejeitados. Com pouco que possa ser feito até agendar o julgamento, o Vasco estuda os próximos passos a serem dados no processo que corre no STJD. O que mais preocupa é a interdição de São Januário.
O clube teme que o futebol seja prejudicado caso siga impossibilitado de usar seu estádio por mais tempo. O próximo jogo do Vasco como mandante é no dia 8 de julho, sábado da semana que vem, contra o Cruzeiro, pela 14ª rodada do Brasileirão.
Os advogados devem apresentar novo recurso nesta quarta-feira para tentar derrubar a liminar em vigor. Caso contrário, o clube terá que esperar a realização de perícia e emissão de novos laudos num processo que pode ser demorado. O objetivo é agilizar isso.
O Vasco já imaginava que seria difícil derrubar as duas decisões no fim de semana a tempo de poder jogar contra o Cuiabá em casa e com público. Os recentes acontecimentos na Vila Belmiro e a gravidade do tumulto em São Januário acenavam com a manutenção das punições.
Na decisão publicada no início da noite de sexta-feira, no Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, o juiz Bruno Arthur Mazza ordenou o Vasco a juntar os laudos de segurança do estádio para que uma perícia seja realizada; e, na mesma decisão, nomeou uma perita para assumir a função.
Essa perita tem cinco dias para dizer se aceita ou não a atribuição – até a publicação dessa reportagem, ela ainda não havia respondido. Caso não aceite, outro profissional deverá ser apontado. O perito que disser “sim” terá 30 dias para avaliar os documentos e emitir sua opinião técnica sobre o estado de segurança de São Januário.
O Vasco entende que não tem todo esse tempo.
A divulgação de trechos do relato do magistrado do Juizado do Torcedor que estava de plantão em São Januário na quinta-feira causou grande incômodo no Vasco. “…todo o completo é cercado pela comunidade da Barreira do Vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas, o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio”, diz um trecho.
Em resposta, o Vasco associativo emitiu um comunicado na segunda-feira lamentando as “manifestações preconceituosas” do magistrado.
– Tentar induzir que São Januário não tem condições de receber jogos de futebol por estar localizado numa área popular da cidade é um desrespeito com o Vasco da Gama e seus torcedores – escreveu o Vasco.