Segundo o Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil e todas as Unidades da Federação tiveram aumento na qualidade de vida e bem-estar. Já o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV), que mede as dificuldades em transformar os recursos e aquisições de bens e serviços em qualidade de vida, registrou queda.
Nesta sexta-feira (23), os dois indicadores foram divulgados pelo instituto, com comparativo montado entre as duas últimas edições da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) realizadas pelo IBGE, entre 2008-2009 e 2017-2018.
O IDS analisa o progresso socioeconômico da população a partir da renda, e passou de 5,452 para 6,147, uma variação de 12,8%. Incluídas as aquisições não monetárias de serviços, o IDS passaria para 6,212, mas a comparação não é possível pois a métrica só foi adotada na última edição da POF.
Para o IPQV são levados em conta o bem-estar, desigualdade, exclusão social e pobreza, além de características das pessoas de referência das famílias (como cor ou raça, sexo, idade) e renda. No intervalo de 10 anos, o indicador caiu de 0,227 para 0,157.
“O índice de desempenho socioeconômico é o resultado da quantidade de recursos gerados por uma sociedade e a perda de qualidade de vida que ela sofre em determinado período. Tal índice permite comparar as diferentes UFs em uma métrica comum que desconta do progresso econômico as perdas apontadas pelo IPQV”, diz o analista da pesquisa, Leonardo Oliveira.
Ainda segundo o IBGE, os indicadores são elaborados em um lista de mais de 50 variáveis, divididos em nove temas: renda; moradia; saúde; educação; acesso aos serviços de utilidade pública; acesso aos serviços financeiros e padrão de vida; transporte e lazer; alimentação e viagem.
Além disso, características que foram consideradas na identificação das perdas de qualidade de vida foram a ausência de banheiro no domicílio, pouco espaço em casa e a avaliação sobre o próprio lazer da família.
O índice de Desempenho Socioeconômico nos estados do país
Todas as Unidades da Federação tiveram aumento, dentro do comparativo. Roraima (32%) e Sergipe (25,8%) tiveram os melhores resultados, com a ressalva de que são locais em que a renda disponível familiar per capita (RDFPC) é mais baixa que a média nacional.
Ainda assim, Roraima teve acréscimo relevante por conta de uma redução significativa de 47% do IPQV somada a um aumento de 70% da renda disponível familiar per capita (RDFPC). Em outras palavras, o estado reuniu ganho de renda com avanço na qualidade de vida em termos não monetários.
Por outro lado, Rio Grande do Sul (9,1%) e Rio de Janeiro (5,6%) foram os desempenhos mais modestos. Mas o IBGE alerta que o IDS de estados com rendas muito elevadas podem ter os benefícios gerados pelos crescimentos de renda anulados por pequenos incrementos do IPQV.
“Mesmo em áreas com RDFPC mais elevada e que já tenham ampla disponibilidade de hospitais, saneamento básico, boa rede de transporte público etc., é importante a manutenção e ampliação destes serviços para uma evolução no IDS”, aponta Leonardo Oliveira, do IBGE.
O Rio de Janeiro, por exemplo, teve o menor aumento de renda real no período, com alta de apenas 3,1%. A queda de IPQV também foi a menor, de 22,2%. Ou seja: não houve aumento relevante de ganho financeiro e a qualidade de vida melhorou menos do que a média
Segundo o IBGE, a Educação e Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida foram as categorias que tiveram mais importância na composição dos efeitos para o Brasil. Moradia representou 16,1% e Acesso aos serviços de utilidade pública e Saúde e alimentação, 14% do total dos efeitos marginais observados no resultado do IDS.