Ouça agora

Ao vivo

Ministro diz que bloqueio do cartão do Bolsa Família em bets está sendo implementado
Brasil
Ministro diz que bloqueio do cartão do Bolsa Família em bets está sendo implementado
Rio das Ostras cria nova Unidade de Conservação da Natureza
Costa do Sol
Rio das Ostras cria nova Unidade de Conservação da Natureza
Macaé: Circuito Gastronômico Unamama começa nessa quinta-feira (17)
Norte Fluminense
Macaé: Circuito Gastronômico Unamama começa nessa quinta-feira (17)
Plano de Mobilidade de São Gonçalo disputa prêmio nacional
São Gonçalo
Plano de Mobilidade de São Gonçalo disputa prêmio nacional
Nilópolis vacina contra Covid-19 em cinco postos de saúde
Baixada Fluminense
Nilópolis vacina contra Covid-19 em cinco postos de saúde
STF marca para novembro julgamento sobre redes sociais no Brasil
Brasil
STF marca para novembro julgamento sobre redes sociais no Brasil
Polícia recupera Lamborghini do rapper Xamã, avaliada em R$ 4 milhões
Destaque
Polícia recupera Lamborghini do rapper Xamã, avaliada em R$ 4 milhões

Festa Literária Internacional movimenta Paraty a partir desta quarta

Homenageado nesta edição é o escritor Paulo Barreto, o João do Rio
Foto: Reprodução

Com homenagem ao escritor, jornalista e dramaturgo Paulo Barreto (1881-1921), que usava como pseudônimo literário João do Rio, a 22ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) será realizada de 9 a 13 de outubro. Assim como seu homenageado, que registrou os conflitos, temores e dilemas de seu tempo, refletindo sobre o progresso, a velocidade e a formação urbana, a Flip neste ano também pretende trazer para o centro dos debates a pluralidade de visões e de sensibilidades do mundo contemporâneo.

Durante cinco dias, a maior festa literária do Brasil vai promover discussões sobre temas atuais como o impacto das queimadas. Com Pablo Casella e Txai Surui, duas vozes que vêm de dentro da floresta, a mesa Cessar o Fogo está marcado para sábado (12), a partir das 21h30.

“Nessa curadoria tivemos a preocupação de discutir temas atuais como as mudanças climáticas, as queimadas e as guerras em Gaza e no Líbano, a censura, a inteligência artificial e a desinformação. Acho, particularmente, que a literatura e essas formas de artes verbais são essenciais para ajudar a gente a organizar o mundo. Ao mesmo tempo em que nos sentimos muito provocados por obras literárias muito contundentes, sentimos também certo alívio quando a obra nos oferece um recorte para compreender o caos no mundo”, disse Ana Lima Cecilio, curadora desta edição da Flip.

Mas as queimadas não serão o único tema em discussão. Haverá também mesas sobre o racismo e a dor das mulheres que se movimentam nessa violência, sobre as emergências climáticas, a inteligência artificial e a violência contra os povos indígenas.

Outro tema que vai permear a festa neste ano é o enfrentamento ao ódio nas redes sociais, mesa que acontece sexta-feira (11). “O ódio nas redes é uma discussão muito contemporânea. Estamos em plena eleição e há duas ou três eleições a gente entende o poder de mobilização da internet, dos grupos de ódio e da polarização”, disse Ana.

Além da atualidade de temas, uma das novidades da Flip neste ano será a realização de um podcast ao vivo. “Já temos essa consagração das mesas de conversa, mas estamos pensando em novos formatos que possam usar vídeo, sons e músicas. Isso é algo que interessa para a Flip como transformação através dos tempos. Estamos fazendo esse experimento e felizes com essa parceria com a Radio Novelo. Vamos fazer um podcast inspirado no João do Rio – e no calor da hora”, disse Ana Lima Cecilio.

Criada em 2003, a Flip é reconhecida como Patrimônio Histórico Cultural e Imaterial do estado do Rio de Janeiro. A festa literária não apenas reúne personalidades do mundo da cultura e da literatura para conversas, palestras e lançamentos de livros: ela também é uma grande manifestação cultural, que promove ainda ações de incentivo à leitura e de formação de novos leitores.

 

João do Rio

O grande homenageado da Flip neste ano foi um dos autores mais importantes do início do século 20 no Rio de Janeiro. Além de crítico de arte e escritor de romances e peças de teatro, João do Rio foi um repórter diferente, narrando os acontecimentos do dia a dia de forma literária, unindo a reportagem e a literatura.

Foi também o primeiro jornalista a subir o morro, ouvindo com atenção e afeto a voz das ruas, tornando-se uma espécie de porta-voz de um povo que não encontrava espaço na imprensa. E quando começou a subir vielas e acompanhar manifestações culturais, observando de perto os hábitos de uma cidade que se transformava vertiginosamente, João do Rio fundou um novo modo de fazer jornalismo.

Outra característica de João do Rio era ter um olhar muito voltado ao progresso. “O que me interessa muito no João do Rio é que ele era um cara muito culto, que sempre tinha um olho para o progresso, para as grandes cidades e para o avanço civilizatório. Ele tinha essa vontade de progresso. Ao mesmo tempo, tinha pés muito fincados no passado da cidade, desse passado escravocrata e de maus-tratos a imigrantes”, disse Ana. “Esse olhar para o futuro, com os pés no passado, reconhecendo a história da formação, faz dele um porta-voz impressionante do que é o Rio de Janeiro e também do país, que foi fundado nessa contradição”, acrescentou a curadora.

Com problema de obesidade, mestiço e homossexual, João do Rio foi vítima de um ataque cardíaco, que o impediu de completar 40 anos. Ele deixou 25 livros e mais de 2.500 textos publicados em jornais e revistas.

Como parte dessas homenagens ao escritor e jornalista, a Flip vai promover uma conferência de abertura chamada As ruas têm alma: João do Rio, o convidado do sereno. Ela será apresentada por Luiz Antônio Simas e pretende ser uma breve aula sobre João do Rio, atualizando seu legado.

Além da homenagem na programação oficial da Flip, João do Rio será destaque dentro da Casa CCR. Com programação toda gratuita, esse espaço vai promover nove mesas de discussão reunindo escritores, jornalistas, tradutores e pesquisadores acadêmicos. Os debates vão abordar temas como tecnologia, mobilidade urbana, combate às mudanças climáticas e jornalismo literário [com uma mesa sobre João do Rio].

O Instituto CCR, responsável pela Casa CCR, também vai oferecer duas oficinas de grafismo no local, onde o público presente poderá deixar um registro literário em madeiras provenientes dos bancos das praças de Paraty, que serão reinstalados posteriormente. Cada oficina terá duas horas e meia de duração, com participação de até dez pessoas por atividade.

Mais informações sobre a Flip e sua programação completa podem ser obtidas no site do festival.