Neste domingo (03), o governo do Haiti decretou estado de emergência e um toque de recolher noturno na capital, após um ataque contra a Penitenciária Nacional de Porto Príncipe neste sábado (02), que deixou pelo menos 10 mortos e permitiu a fuga de milhares de detentos. Segundo as autoridades haitianas, as medidas devem durar inicialmente até quarta-feira (06), mas poderão ser prolongadas.
Em nota divulgada, o governo haitiano declarou que essas restrições tem como objetivo “restabelecer a ordem e tomar as medidas apropriadas para recuperar o controle da situação”, devido à deterioração da segurança” e de crimes cada vez mais violentos das gangues armadas na capital do país, entre outras cidades da ilha.
O comunicado ainda diz que “a fuga de presos perigosos coloca em risco a segurança nacional”, e que as forças de segurança “receberam ordens para utilizar todos os recursos legais à disposição para fazer cumprir o toque de recolher e prender todos os infratores”.
Antes do ataque, a prisão Penitenciária Nacional de Porto Príncipe, contabilizava 3.800 presos. No domingo, apenas uma centena de pessoas permaneciam detidas no local. Dezenas de corpos, muitos deles com marcas de balas, seguiam espalhados nos arredores da penitenciária. Outra prisão, a Croix de Bouquets, também foi atacada no sábado, ferindo detentos e funcionários do sistema carcerário. Até o momento, as autoridades não determinaram quantos presos conseguiram fugir do local.
Entenda a crise no país
O Haiti, é o país mais pobre do continente americano, e vem enfrentando uma grave crise política, humanitária e de segurança desde o presidente Jovenel Moise foi assassinado em 2021. Desde então, atos de violência das gangues, assumiram o controle de áreas inteiras do país, incluindo a capital, deixando as forças de segurança sobrecarregadas.
Desde quinta-feira (29/02), gangues armadas atacaram locais estratégicos da capital, alegando que pretendiam derrubar o governo do polêmico primeiro-ministro, que está no poder desde 2021 e deveria ter abandonado o cargo no início de fevereiro. Após o ataque de sábado, o governo denunciou a “selvageria de criminosos fortemente armados que queriam a todo custo libertar pessoas detidas, principalmente por sequestro, assassinato e outros crimes graves”.