“Minha terra tem palmeiras onde canta o sabia. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”
Os versos da “Canção do Exílio” retratam um dos mais emblemáticos poemas da fase inicial do Romantismo. Publicado em 1857 no livro Primeiros Cantos, tem a autoria de Gonçalves Dias, considerado o grande poeta indianista da Primeira Geração Romântica e que hoje completa 200 anos de nascimento.
Antônio Gonçalves Dias, patrono da Cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras, nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, na época pertencente a Caxias, hoje município de Aldeias Altas, no Maranhão. Foi poeta, advogado, professor, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Grande nome da corrente literária conhecida como indianismo, ao lado de José de Alencar, é famoso pelos poemas Canção do Exílio e I-Juca-Pirama, além de muitos outros de cunho nacionalista e patriótico, pelos quais receberia o título de poeta nacional do Brasil. Também foi pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro.
Recebeu educação de um professor particular e, em 1938, seguiu para Portugal, para completar os estudos. Em 1840, matriculou-se na Universidade de Direito de Coimbra, onde teve contato com escritores do romantismo português, entre eles, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho. Durante sua permanência em Coimbra, escreveu a maior parte de suas obras, inclusive a famosa Canção do Exílio (1843), na qual expressa o sentimento da solidão e do exílio. Em 1845, depois de formado em direito, voltou para o Maranhão e, no ano seguinte, foi morar no Rio de Janeiro onde procurou integrar-se ao meio literário. Em 1847, com a publicação de Primeiros Cantos, conseguiu sucesso e o reconhecimento do público.
Em 1849, foi nomeado professor de latim e história do Brasil no Colégio Pedro II. Escreveu para várias publicações, entre elas, o Jornal do Comércio, a Gazeta Mercantil e o Correio da Tarde, fundando também nesse período a Revista Literária Guanabara. De volta ao Maranhão, em 1851, o poeta se apaixona por Ana Amélia Ferreira do Vale e a pede em casamento no ano seguinte, mas, por ser mestiço, a família dela proibiu o matrimônio.
Em 1852, retorna ao Rio de Janeiro e se casa com Olímpia da Costa. É nomeado oficial da Secretaria de Negócios Estrangeiros e passa a viajar constantemente para a Europa. Em 1862, Gonçalves Dias vai mais uma vez à Europa, em busca de tratamento para um problema de saúde. Sem encontrar resultados, embarca de volta ao Brasil no dia 10 de setembro de 1864. Entretanto, o navio francês Ville de Boulogne em que viajava naufragou perto do Farol de Itacolomi, no município de Guimarães, na costa do Maranhão, onde o poeta faleceu, no dia 3 de novembro de 1864.
Gonçalves Dias é considerado o grande poeta romântico brasileiro. Sua obra poética apresenta os gêneros lírico e épico. Na lírica, os temas mais comuns são: o indígena, o amor, a natureza, a pátria e a religião. Na épica, canta os feitos heroicos dos povos indígenas.
A parte amorosa contida nos versos de Gonçalves Dias foi inspirada por Ana Amélia Ferreira do Vale, cuja família não permitiu o casamento. A recusa causou sofrimento ao poeta, que ele registrou nos poemas Se Se Morre de Amor, Minha Vida e Meus Amores e o mais conhecido poema de amor impossível Ainda Uma Vez – Adeus.
Como poeta da natureza, Gonçalves Dias canta as florestas e a luz do sol. Seus poemas sobre os elementos naturais conduzem seu pensamento a Deus. Sua poesia sobre a natureza se entrelaça com o saudosismo e sua nostalgia o remete à infância, Na Europa sente-se exilado e é levado até sua terra natal através da Canção do Exílio, considerado um clássico da literatura brasileira.