Depois da revolta gerada pela queima de um Alcorão em Estocolmo no final do mês passado, agora outros dois livros sagrados, a Bíblia e a Torá, serão incendiados em uma manifestação na cidade. A autorização para o evento que envolve os atos, marcado para as 13h do sábado (15), foi dada pela polícia sueca nesta sexta-feira (14).
Questionadas pela AFP, as forças de seguranças afirmaram que a permissão foi concedida para o evento em si, e não para as atividades que ele envolve. “A polícia não emite licenças para queimar textos religiosos. Ela emite licenças para aglomerações públicas. É uma distinção importante”, disse Carina Skagerlind, assessora de imprensa do órgão à agência de notícias.
Na realidade, a polícia havia proibido protestos semelhantes em fevereiro. Mas ativistas recorreram, e a Justiça decidiu que impedir os atos violava o direito à liberdade de expressão. Assim, agentes de segurança passaram a dar o aval para que as manifestações ocorressem.
A organização permitiu, portanto, a manifestação que terminou com a queima do livro sagrado do Islã em frente à Grande Mesquita de Estocolmo que tanto repercutiu no final do mês passado, com a justificativa de que ele não representava grandes riscos de segurança. O responsável pelo ato, o refugiado iraquiano Salwan Momika, 37 — que arrancou as folhas de uma cópia do Alcorão, limpou a sola de seus sapatos com elas e então as incendiou — foi, porém, detido, acusado de promover agitação contra um grupo étnico e violar leis de proibição de incêndio vigentes na capital.
O protesto coincidiu com o primeiro dos três dias de celebração do Eid al-Adha, feriado importante no calendário islâmico conhecido como a “festa do sacrifício”. Então, governos de diversos países que professam a fé, como Iraque, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Marrocos, criticaram o incidente, assim como o papa Francisco, que afirmou que “qualquer livro considerado sagrado deve ser respeitado”.
O anúncio da queima da Bíblia e da Torá desta sexta-feira também gerou revolta internacional. Entre os líderes que se pronunciaram contra a autorização estão o presidente de Israel, Isaac Herzog, e o chefe da Organização Sionista Mundial, Yaakov Hagoel. O último afirmou que a manifestação não é um exemplo de “liberdade de expressão, mas sim de antissemitismo”.