A pergunta que tem sido feita, nos últimos 6 anos, “quem mandou matar Marielle?”, parece estar próxima de ser finalmente respondida. A delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta terça-feira (19), após Lessa entregar os mandantes e as circunstâncias do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.
Ao homologar a delação, a justiça valida procedimentos adotados pela investigação com base no depoimento de Lessa, e também abre caminho para uma nova operação, ou cumprimento de providências pela PF para concluir o caso.
Ronnie decidiu colaborar com as investigações, após ser apontado como o executor dos assassinatos, o criminoso que puxou o gatilho, pelo também ex-policial, Élcio de Queiroz, que também está preso acusado de participação no crime.
Detalhes da delação
Na delação que durou certa de duas horas, tendo todas as informações registradas em vídeo, e áudios gravados, Lessa além de entregar os mandantes e as circunstâncias da morte da vereadora, deu detalhes de reuniões que manteve com quem o contratou, antes e depois dos homicídios. Fornecendo assim, uma série de indícios, circunstâncias e provas não apenas do seu envolvimento na execução do duplo assassinato, mas sobretudo sobre quem estava por trás da encomenda das mortes. Ele também falou sobre por que os mandantes desejavam matar de Marielle Franco.
Ronnie Lessa está em cela isolada na penitenciária federal de Campo Grande (MS).
Os mandantes, segundo Lessa, integram um grupo político poderoso no Rio de Janeiro com vários interesses em diversos setores do Estado. O ex-PM deu detalhes de encontros com eles e indícios sobre as motivações. E tudo passou a ser verificado pela força tarefa de policiais e membros do Ministério Público.
Diligências ainda estão em curso para fechar de vez a investigação e atribuir criminalmente responsabilidades sobre o mando da morte de Marielle Franco e de Anderson Gomes.
Defesa abandona caso
Após a delação premiada de Ronnie Lessa ser homologada pelo STF nas investigações da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Ramos, a defesa do réu acusado de matar Marielle anunciou nesta quarta-feira (20) que vai abandonar o caso.
Em nota assinada pelos advogados Fernando Santana e Bruno Castro, ambos alegam que “por ideologia jurídica, nosso escritório não atua para delatores”. Eles faziam a defesa de Lessa em 12 processos.
“Desde o primeiro contato deixamos claro que ele não poderia contar com o escritório caso tivesse interesse em fechar um acordo de delação premiada. Talvez, não por outro motivo que nós não fomos chamados por ele para participar do processo de delação firmado. Nesse cenário, apresentaremos renúncia ao mandato em todos os doze processos que atuamos para ele, ou seja, a partir de hoje não somos mais advogados de Ronnie Lessa”, afirma a nota.