O ex-policial e assassino confesso da vereadora Marielle Franco reconheceu “ganância” durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (27). Segundo Lessa, ele receberia em troca loteamentos em terras griladas no Rio de Janeiro. O possível lucro seria de R$ 100 milhões com uma possível venda dos lotes.
“Eu me deixei levar. Foi ganância. Eu, na verdade, nem precisava. Estava numa fase muito tranquila da minha vida, e eu caí nessa asneira. Foi ganância. Realmente, foi uma ilusão danada que eu caí.”
As oitivas de testemunhas fazem parte da instrução da ação penal, etapa em que são levantadas provas e ouvidas pessoas envolvidas no caso.
A audiência no STF foi conduzida por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. Após pedido feito pela defesa de Lessa, réu confesso do assassinato, a oitiva, que começou por volta das 13h, não é acompanhada pelos réus.
O ex-policial foi arrolado pela acusação, que é exercida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Além de réu confesso, Lessa assinou acordo de delação e disse que os irmãos Brazão são os mandantes do crime.
No processo, são réus o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, o irmão dele, Chiquinho Brazão, deputado federal (Sem Partido-RJ), o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, e o major da Policia Militar, Ronald Paulo de Alves Pereira. Todos respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa e estão presos.
Depoimentos
Cerca de 70 testemunhas devem depor na ação penal. Os depoimentos dos réus serão realizados somente no fim do processo.
No dia 12 deste mês, a ex-assessora da vereadora Marielle Franco, Fernanda Chaves, também prestou depoimento. Ela estava no carro que foi metralhado pelo ex-policial militar e réu confesso Ronnie Lessa.
A ex-assessora disse que conseguiu sobreviver porque o corpo de Marielle funcionou como um escudo. “Não fui atingida porque Marielle foi meu escudo”, afirmou.