Neste sábado (29), o Ministério do Interior do Irã declarou que nenhum candidato obteve votos suficientes no primeiro turno. Com isso, teremos um legislador moderado enfrentando o protegido do líder supremo do Irã no segundo turno das eleições presidenciais em 5 de julho.
Nenhum dos dois garantiu mais de 50% dos 25 milhões de votos registrados — Pezeshkian liderou com 10 milhões de votos; Jalili teve 9,4 milhões de votos.
A votação de sexta-feira (28) para substituir Ebrahim Raisi após sua morte em um acidente de helicóptero foi uma disputa acirrada entre o parlamentar discreto Massoud Pezeshkian, o único moderado em um campo de quatro candidatos, e o ex-membro da Guarda Revolucionária Saeed Jalili.
O poder no Irã reside, em última análise, nas mãos do Líder Supremo, Aiatolá Ali Khamenei, pelo que o resultado não anunciará qualquer mudança política importante no programa nuclear do Irã ou no seu apoio a grupos de grupos paramilitares em todo o Oriente Médio.
Mas o presidente dirige o governo no dia-a-dia e pode influenciar o tom da política iraniana.
As eleições ocorrem num momento de escalada da tensão regional devido à guerra entre Israel e os aliados iranianos — Hamas, em Gaza, e o Hezbollah, no Líbano — bem como ao aumento da pressão ocidental sobre o Irã devido ao seu programa nuclear em rápido avanço.
Com o líder supremo do Irã agora com 85 anos, é provável que o próximo presidente esteja estreitamente envolvido no processo de escolha de um sucessor para Khamenei, que procura um presidente ferozmente leal que possa garantir uma eventual sucessão tranquila para a sua própria posição, dizem fontes e analistas.
As opiniões antiocidentais de Jalili, o antigo negociador nuclear intransigente do Irã, contrastam com as de Pezeshkian. Analistas disseram que a vitória de Jalili sinalizaria a possibilidade de uma guinada ainda mais antagônica na política externa e interna da República Islâmica.
Mas uma vitória do moderado legislador Pezeshkian poderá ajudar a aliviar as tensões com o Ocidente, melhorar as possibilidades de reforma econômica, de liberalização social e de pluralismo político.
Pezeshkian, fiel ao governo teocrático do Irã, é apoiado pela facção reformista que tem sido largamente marginalizada no Irã nos últimos anos.