Quase 40% dos moradores de favelas no Rio de Janeiro têm negócio próprio, e para 23% essa é a principal fonte de sua renda. Entre aqueles que não têm um negócio próprio, 22% têm a intenção de começar a empreender nos próximos 12 meses.
É o que aponta a pesquisa realizada pelo Instituto Data Favela, que será apresentada por seu fundador Renato Meirelles durante a Expo Favela Innovation Rio, de 29 a 31 de julho, para autoridades que estarão presentes, como o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. O estudo aponta que existem desafios, como a informalidade, que é uma realidade: a maioria (57%) não tem um CNPJ formalizando a existência de seu negócio próprio. Conseguir capital para investir em seu negócio é um outro obstáculo frequentemente enfrentado por esses empreendedores, o que foi apontado por 55% dos entrevistados, seguido pela gestão financeira do negócio (25%) e falta de equipamentos (24%).
“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. O morador da favela só vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos se empreender dentro da favela. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”, disse, em nota, Renato Meirelles.
Obter crédito também é um desafio citado: 66% afirmam que já enfrentaram dificuldades para conseguir, sendo que 1/3 nunca sequer tentou obter esse tipo de recurso. Caso esses recursos estivessem disponíveis, os principais investimentos realizados seriam na divulgação do negócio, compra de máquinas e equipamentos e na diversificação de seu portfólio de produtos e serviços.
Sobre as vendas, nos últimos 12 meses somente 17% dos empreendedores experimentaram um aumento em suas vendas, 48% sentem que não houve alteração e 35% que houve diminuição. Mas a perspectiva para o futuro se mostra positiva: 73% acreditam no crescimento de suas vendas para os próximos 12 meses, e 9 de cada 10 se declaram otimistas em relação ao futuro de seu negócio.
“Quando falo que a favela não é carência, mas uma grande potência, é uma forma de corrigir o olhar recheado de compaixão equivocada e preconceito por uma região que produz e consome R$ 208 bilhões por ano. Portanto, é importante olhar a potência dessas pessoas, não apenas olhar para o que falta para elas. E a Expo Favela Innovation chegou para potencializar ainda mais. É muito importante que a Expo Favela Innovation também venha ser um lugar em que os empreendedores do asfalto se reconheçam, trazendo a oportunidade para os empreendedores da favela se conectarem com eles. Tornando-se o berço do empreendedorismo em que todos possam chamar de seu”, afirmou, em nota, Celso Athayde, idealizador do evento.
O estudo foi realizado com 1.674 moradores de favelas do Rio, entre os dias 20 de junho e 5 de julho de 2023.