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Preso pela PF é dono de gráfica que já prestou serviço a mais de 30 candidatos no Rio

Roberto Pinto dos Santos foi preso na operação Teatro Invisível, deflagrada nesta quinta-feira (12/09)
Foto: Reprodução

A gráfica M2 Flex Soluções Visuais, que tem como sócio Roberto Pinto dos Santos — um dos presos pela Polícia Federal por esquema de propagação de notícias falsa – já prestou serviço para mais de 30 candidatos a deputado e prefeito nas últimas eleições. De acordo com o Divulgacand, entre os principais clientes da empresa — uma das maiores do Rio — estão o prefeito Eduardo Paes (PSD), a deputada federal Daniela do Waguinho (Republicanos) e o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL).

Na eleição deste ano, as primeiras prestações de contas dos candidatos mostram que o prefeito Eduardo Paes declarou já ter contratado R$ 100 mil em materiais impressos e adesivos da gráfica, sediada na Penha, na Avenida Brasil. O segundo cliente é Dr. Rubão (Podemos), que disputa a reeleição para a Prefeitura de Itaguaí, com gastos declarados de R$ 52.165,71. O candidato a vereador Marquinho Aquino (Republicanos), com R$ 11,8 mil pagos completa o top 3. Vale lembrar que os candidatos têm até dia 13 de setembro para enviar a primeira parcial da prestação de contas.

Em 2022, a gráfica recebeu mais de R$ 1,1 milhão por ter prestado serviço a 23 candidatos, que teve a deputada federal Daniela Carneiro, mulher do prefeito de Belford Roxo, Waguinho, como primeira da lista. A parlamentar contratou R$ 300 mil com a M2 Flex, que te como razão social Mavimix Adesivos Decorativos Ltda.

Em seguida, aparece a Direção do PT, com R$ 167,5 mil pagos à empresa. O terceiro candidato que mais contratou com Roberto Pinto dos Santos foi o deputado estadual Valdecy da Saúde, com R$ 115,3 mil em adesivos e impressos.

Quatro anos antes, a gráfica recebeu R$ 380 mil em repasses de candidatos, com destaque para a deputada federal Soraya Santos (PL), que contratou mais de R$ 225 mil em serviços. O então candidato a deputado federal, Clébio Jacaré e o prefeito de Queimados, Glauco Kaizer, também fizeram parte da lista de clientes naquele ano.

 

Operação da PF

Roberto foi preso na operação Teatro Invisível, deflagrada nesta quinta-feira (12/09) para desmantelar quadrilha especializada em divulgar notícias falsas contra candidatos a prefeito que funcionava pelo menos desde 2016.

Além dele, foram presos Bernard Rodrigues Soares, presidente municipal do União Brasil de São João de Meriti e ex-secretário de Comunicação de Eventos da prefeitura; André Luiz Chaves da Silva e Ricardo Henrique Patrício Barbosa.

Os mandados foram expedidos pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 8ª Zona Eleitoral. Além disso, também foi determinado o bloqueio judicial de bens no valor total de R$ 1 milhão para cada investigado.

Além das quatro prisões, os policiais cumpriram 15 mandados de busca e apreenderam R$ 188 mil em dinheiro, três carros de luxo, além de celulares, documentos e mídias de armazenamento.

 

Ex-secretário de Mangaratiba

Roberto Pinto dos Santos também já foi secretário de Comunicação do governo do Município de Mangaratiba (RJ) na época em que Evandro Capixaba era prefeito, e chegou a ser preso, em 2015. Ele foi condenado a 17 anos de prisão, com multa de 160 salários mínimos (cerca de R$ 140 mil na época).

Segundo a denúncia do Ministério Público, Roberto integraria quadrilha que, em atuação perante a administração municipal, era voltada a prática de crimes como fraude a licitações, falsificação de documentos e desvio de dinheiro público por meio do pagamento por bens que não eram efetivamente entregues.

Já a pena do ex-prefeito de Mangaratiba foi de 52 anos de prisão.