O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgou um levantamento sobre o índice de desaparecimentos no Brasil. Os dados apontam que em média, 183 pessoas desaparecem por dia no país. Este problema é ainda maior pela falta de um cadastro nacional integrado e padronizado para pessoas desaparecidas, conforme apontado por Larissa Leite, Coordenadora de Proteção do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
A CICV tem se esforçado, por mais de uma década, para ajudar famílias brasileiras a localizarem seus entes queridos desaparecidos. A Coordenadora ressalta a necessidade de maior coordenação entre as instituições públicas para a troca de informações sobre pessoas desaparecidas.
– O Estado brasileiro tem muita informação sobre paradeiros de pessoas, mas falta não só um cruzamento de bancos de dados, uma interoperabilidade de banco de dados, mas uma coordenação entre as instituições públicas para cruzar as informações de pessoas que estão desaparecidas – destacou.
Em 2019, a Lei da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas foi sancionada, prevendo a criação de um cadastro nacional. Porém, o sistema ainda não está em funcionamento. Os dados atualmente disponíveis provêm de boletins de ocorrência registrados pelas polícias civis dos estados, mas que não são padronizados.
O fato de não existir uma padronização nos casos de pessoas desaparecidas, as famílias que buscam por informações e que chegam até às delegacias de polícia par registrarem o sumiço, encontram dificuldades de obterem informações devido à rotatividade e à sobrecarga das equipes de investigadores, ou mesmo porque o caso não teve andamento.
Diante de um cenário de dúvidas e poucas respostas, as famílias iniciam buscas independentes por qualquer informação. Muitas vezes familiares usam todos seus recursos, vendem seus objetos pessoais, se endividam para irem atrás de qualquer informação que possa levá-los até o desaparecido. A coordenadora da Cruz Vermelha relata que enquanto o processo de procura ocorre, parte dos familiares adoece e passa a ter problemas financeiros.
Desaparecimentos no Brasil
Entre os anos de 2019 a 2021, mais de 200 mil pessoas desapareceram no país, essas informações foram levantadas e divulgadas pelo Mapa dos Desaparecidos no Brasil, publicado pelo FBSP. A Coordenadora Larissa Leite observa que, sem um sistema atualizado de monitoramento de pessoas desaparecidas, as famílias frequentemente colocam-se em situações de risco e vulnerabilidade na busca por informações.
– Na verdade, o Brasil ainda não sabe a dimensão de quantas pessoas estão desaparecidas. Não tem, digamos assim, uma estatística e um sistema que mantém esse número de pessoas desaparecidas atualizado, mas o fato é que não há dúvidas que são milhares – afirma, Larissa Leite.