Neste dia 16 de quarta-feira, as equipes de resposta de emergência continuam com suas missões de busca por vítimas nos escombros dos incêndios devastadores no Havaí. Até o momento, esses incêndios já resultaram em 106 mortes.
O governador do arquipélago, Josh Green, expressou preocupação de que o número final de vítimas do incêndio que visitou a cidade de Lahaina na semana anterior, o mais fatal nos Estados Unidos em mais de um século, possa ocorrer. As autoridades do condado de Maui divulgaram na noite de terça-feira, dia 15, uma atualização que confirmou 106 vítimas fatais. Dois cidadãos mexicanos também perderam suas vidas nos incêndios, de acordo com o governo do México.
Até agora, somente um quarto da área acampada em Lahaina, localizada no litoral oeste da ilha de Maui, foi explorada por cães farejadores treinados para busca de corpos, conforme informado por Green. Com o intuito de agilizar o complexo processo de identificação das vítimas, as autoridades estabeleceram um necrotério temporário, composto por vários contêineres refrigerados adquiridos pela ilha. Além disso, as equipes do Departamento de Saúde foram mobilizadas para contribuir nesse processo.
Green afirmou a intenção das autoridades em impedir que especuladores imobiliários tirem vantagem da situação para comprar terras. Ele afirmou que a meta é garantir um compromisso contínuo com a comunidade local à medida que ocorre a reconstrução.
“Nosso objetivo é manter um compromisso local a longo prazo com essa comunidade durante o processo de reconstrução”, declarou ele.
“Vamos garantir que estamos fazendo todo o possível para evitar que terras caiam nas mãos de pessoas de fora”, acrescentou.
A identificação das vítimas está se mostrando um processo complicado e lento. Até agora, apenas cinco dos 41 indivíduos com pais desaparecidos, que tiveram amostras de DNA coletadas pelas autoridades, foram identificados.
O número de pessoas desaparecidas tem diminuído à medida que os sistemas de comunicação são restabelecidos na ilha. Lahaina, que contava com uma população de 12 mil habitantes antes da tragédia, testemunhou a destruição de mais de 2 mil edifícios.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou sua intenção de viajar ao Havaí com a primeira-dama, Jill, assim que for possível. No entanto, ele deixou claro que não deseja interferir nos exercícios de resgate. Para auxiliar as equipes de emergência e resgate, o presidente assinou uma declaração de estado de catástrofe natural, permitindo a liberação de recursos.
A gestão da crise tem sido alvo de críticas, com muitos residentes afirmando que se sentiram abandonados pelas autoridades. Uma sobrevivente, Annelise Cochran, que escapou pulando no mar, desabafou: “Na minha opinião, o que aconteceu beira a negligência… Estou aqui apenas porque me salvei por conta própria”.
Quando cercada pelas chamas em Lahaina, Cochran, uma nadadora experiente, não hesitou e existiu centenas de pessoas ao entrar no mar como única alternativa de sobrevivência. Ela passou várias horas na água, agarrada a uma parede de pedras próximo à beira da calçada, até ser resgatada.
Passada mais de uma semana desde o incêndio devastador, as autoridades de Maui estão empenhadas em oferecer abrigo aos sobreviventes que perderam quase tudo. Cerca de 2 mil alojamentos, incluindo quartos de hotéis, acomodações do Airbnb e estabelecimentos particulares, estão sendo disponibilizados gratuitamente aos residentes por pelo menos 36 semanas.
As controvérsias sobre a gestão da crise estão crescendo. Muitos moradores alegam que algumas equipes de bombeiros não conseguiram agir rapidamente devido à falta de água nos hidrantes ou ao fluxo insuficiente. A operadora de energia elétrica Hawaiian Electric também enfrenta críticas por não ter cortado o fornecimento de eletricidade, apesar do alto risco de incêndio e das fortes rajadas de vento provenientes de um forte nas proximidades do sudoeste de Maui.
Esses incêndios ocorrem durante um verão marcados por eventos extremos em todo o mundo, incluindo os incêndios sem precedentes no Canadá, que os cientistas atribuem às mudanças climáticas.