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Parlamentares pedem votação de recurso sobre projeto que legaliza cultivo da Cannabis

Proposta foi aprovada por comissão especial da Câmara em 2021 e, desde então, aguarda análise do recurso para seguir ao Senado
Foto: Reprodução Câmara dos Deputados

Em audiência na Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (19), parlamentares e convidados pediram que o Plenário vote recurso sobre o projeto que legaliza o cultivo da Cannabis sativa para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais.

O substitutivo para o Projeto de Lei 399/15, aprovado em 2021, legaliza o plantio da Cannabis no País exclusivamente para aqueles fins, desde que feito por pessoas jurídicas (empresas, associações de pacientes ou organizações não governamentais). Não há previsão para cultivo individual, e seguirão proibidos cigarros, chás e outros itens derivados da planta.

O deputado licenciado Paulo Teixeira (SP), hoje ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, presidiu a comissão especial que analisou a proposta e apoia o texto. Aquela versão tramitava em caráter conclusivo e seguiria para o Senado, mas está parada por causa de um recurso apresentado por 130 parlamentares pedindo a análise do texto no Plenário.

“Essa ideia de que o Brasil vai importar medicamentos não leva em consideração o orçamento da Saúde, as regras do arcabouço fiscal que o Parlamento votou. É uma contradição. Quero fazer um pedido, como parlamentar licenciado: deixem votar o recurso”, afirmou Paulo Teixeira sobre a demora no desfecho do caso.

“Maconha medicinal é maconha”, reagiu o deputado Osmar Terra (MDB-RS), um dos autores do recurso. “Na comissão especial que discutiu isso teve empate, não foi maioria a favor, o relator votou duas vezes”, lembrou. “Queremos o debate no Plenário, fazemos questão, para esclarecer o assunto definitivamente”, disse.

A discussão na CLP foi sugerida pela deputada Talíria Petrone (Psol-RJ). “Seis milhões de brasileiros poderão ser beneficiados no tratamento de diversos tipos de doenças em virtude do enorme potencial medicinal da Cannabis sativa”, ressaltou.

Lei atual
Atualmente, a Lei Antidrogas proíbe o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas. Não entram na proibição plantas usadas exclusivamente em rituais religiosos e no caso de fins medicinais e científicos.

Segundo estudos, a Cannabis apresenta bons resultados no tratamento de epilepsia, autismo, Alzheimer, Parkinson, dores crônicas e câncer, entre outras situações. Familiares relataram na Câmara que, em crianças, os produtos reduzem a frequência de convulsões – de dezenas de eventos por dia para um ou dois por semana.

Tratamento
Presente ao debate, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) anunciou que, diagnosticado com a doença de Parkinson, usa um produto derivado da Cannabis importado dos Estados Unidos. “Estou me tratando com a Cannabis medicinal desde fevereiro deste ano e posso lhes dizer que estou me sentindo muito bem.”

Outros deputados federais também acompanharam o debate: Alice Portugal (PCdoB-BA), Ana Pimentel (PT-MG), Dorinaldo Malafaia (PDT-AP), Prof. Paulo Fernando (Republicanos-DF) e Silvia Waiãpi (PL-AP).

Fonte: Agência Câmara de Notícias