O Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro solicitou que uma nova perícia seja realizada, agora pela Polícia Federal (PF), pois suspeita que mais tiros podem ter sido disparados pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na ação que terminou com a morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos. O autor dos disparos, Fabiano Menacho Ferreira, declarou em seu depoimento, que atirou três vezes contra o carro da família da vítima.
Segundo o coordenador do Núcleo Externo da Atividade Policial do MPF-RJ, procurador da República Eduardo Benones, nas fotografias tiradas pelos agentes, há mais tiros do que consta no laudo da Polícia Civil. Ele acredita ser importante saber exatamente a posição e a trajetória das balas.
Para Benones novas perícias devem ser feitas, não só no carro e nos fuzis, mas nas pistolas dos agentes.
O MPF pediu a prisão preventiva dos agentes.
No depoimento dos policiais, eles afirmaram que atiraram no veículo porque verificaram que era um carro roubado e que ouviram um tiro. Já a família nega que qualquer tiro tenha sido disparado e afirma que não sabia que o Peugeot 207 comprado era roubado.
Eduardo Benones declara ainda que, mesmo que o veículo seja fruto de roubo ou furto, ao decidir atirar, o que foi valorizado na ação, foi mais a propriedade que é o carro do que a vida humana, e isto é muito grave.
A menina, Heloísa dos Santos Silva morreu às 9h22 deste sábado (16) no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde estava internada desde o dia 7 de setembro, após ser ferida na abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Arco Metropolitano. Foram 9 dias no CTI.
No boletim médico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, Heloísa sofreu uma parada cardiorrespiratória irreversível.
Nota de pesar da PRF
A PRF emitiu uma nota de pesar. “Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda”, disse.
Depoimento
Durante o depoimento dos policiais prestado à Polícia Civil, o agente da PRF Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter feito os disparos de fuzil que atingiram a menina. Segundo Fabiano, os policiais tiveram a atenção voltada para o veículo Peugeot 207, e que a placa indicava que o carro era roubado.
O agente contou ainda que acionaram a sirene e ligaram o giroflex para que o condutor parasse, e que, depois de um certo tempo perseguindo o veículo, escutaram um som de disparo de arma de fogo. Acreditando que era do carro, Fabiano disse que fez três disparou com o fuzil na direção do Peugeot.
Os outros agentes, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva, confirmaram a versão do colega.
Relato da família
Desde o primeiro momento, a família afirmou que o tiro partiu de uma viatura da PRF.
O pai da menina baleada, William Silva, que dirigia o veículo, disse que passou pelo posto da PRF e não foi abordado em nenhum momento, mas percebeu que uma viatura passou a segui-lo e ficou muito próximo ao seu carro.
“A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que passamos. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos”, explicou ele.