O Conselho de Combate ao Mercado Ilegal da Fecomércio RJ apresentou, em sua última reunião do ano, realizada nesta segunda-feira (04), uma pesquisa inédita sobre pirataria. A sondagem feita pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) mostra que 27,1% dos 732 consumidores da região metropolitana, nos dias 13 e 14 de novembro, compraram produtos piratas nos últimos 12 meses. 67,2% dos entrevistados disseram que não compraram e 5,7% alegaram não ter certeza.
Estima-se que a movimentação financeira com compras de mercadorias ilegais é de R$ 238,34 milhões por ano. O gasto médio do consumidor ficou em R$ 248. A última compra, de acordo com a pesquisa, movimentou R$ 63,96 milhões na economia fluminense nos últimos 12 meses, com gasto médio de R$ 66,72 por pessoa.
De acordo com a pesquisa, 54,8% já compraram produtos piratas nos últimos 12 meses ou alguma vez na vida. Os equipamentos eletrônicos são os preferidos por 36,9% deles, seguidos de roupas (25,1%), calçados, tênis ou bolsas (18,7%), óculos (5,2%) e relógios (4,8%). Para 88,3% desses consumidores, os preços mais em conta são o principal motivo para adquirir um produto pirata.
A pesquisa do IFec RJ também quis saber de quem comprou produto pirata qual o principal motivo dos originais serem mais caros. 58,6% disseram acreditar que são os impostos elevados. Porém, 58,3% afirmaram que se arrependeram da compra da mercadoria pirata por causa da baixa qualidade (92,3%). Mesmo com o arrependimento, 61,3% disseram que pretendem continuar comprando mercadorias ilegais.
“O preço dos produtos piratas continua sendo o principal atrativo para o consumidor. Ele compete com os preços das mercadorias originais, que está majorado pelos impostos, segundo observado pelos entrevistados”, diz o diretor-executivo do IFec RJ, João Gomes.
Compras online
73% dos entrevistados disseram que procuram verificar se o site é seguro e legal antes de fazer compras na internet. Entre os que compraram produtos piratas alguma vez na vida e realizam compras pela internet, 57,5% dos consultados informaram que nunca compraram na grande rede de computadores achando que era original, enquanto 37,9% afirmaram que sim.
66,7% se arrependeram da compra e 65,9% disseram que o preço pago era muito menor do que esperava pagar. Desses, 76,2% declararam que continuaram comprando por causa do baixo valor da mercadoria.
Pirataria e violência
Segundo a pesquisa apresentada pelo Conselho de Combate ao Mercado Ilegal da Fecomércio RJ e elaborada pelo IFec RJ, 98,3% dos entrevistados sabem que pirataria é crime e 77,6% acham que as compras de mercadorias ilegais afetam negativamente a economia do estado.
Para 63,7%, o consumo de produtos piratas favorece o aumento da violência e da criminalidade. Grande parte dos consultados (60,3%) acha que as campanhas educativas são as que mais se associam ao combate à pirataria, seguida de campanhas governamentais (17,8%) e campanhas de lojistas (16,8%).
Os entrevistados (51,1%) afirmaram que o emprego seria a melhor resolução para o problema da pirataria, enquanto 48,6% deram como solução a educação e 32,5% apontaram a redução da carga tributária sobre os produtos originais. A conscientização da população sobre os prejuízos causados pelo consumo de mercadorias ilegais foi indicada por 23,7%.
Informalidade
O Conselho de Combate ao Mercado Ilegal da Fecomércio RJ também debateu o mercado de trabalho, ocupação e informalidade. O grupo apresentou dados da PNAD-C, do IBGE mostrando que a informalidade no estado do Rio de Janeiro apresentou um aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (julho, agosto e setembro) e queda de 0,79 ponto percentual se comparado ao mesmo trimestre de 2022.
“Observamos que mesmo com melhoria da economia, a informalidade avançou tendo como uma das fontes principais deste crescimento a venda de produtos piratas, que competem com o setor formal deslealmente via preços, o principal motivador para o consumo no mercado ilegal. É preciso ir além da conscientização, uma vez que as pessoas já sabem das consequências da compra de produtos piratas para a sociedade. Portanto, como observado na pesquisa, podemos verificar que uma das soluções deste problema passa pela educação”, explica João Gomes.