Ele chega hoje aos 80 anos de idade em plena atividade e, a despeito de tudo, como uma das mais bem-acabadas encarnações não somente do estilo musical como de sua filosofia. “O tempo não espera por ninguém — exceto Mick Jagger!”, brincam os artigos sobre o cantor. E, diga-se de passagem, o rock deve muito a esse cara!
Mick, o aniversariante do dia, despontou para o estrelato numa época em que seus colegas do “The Who” cantavam “espero morrer antes de ficar velho” (“My generation”) e o lema (atribuído ao ator James Dean, de “Juventude transviada”) era “viva rápido, morra cedo e deixe um cadáver bonito”. O rock era, então, a promessa (póstuma) da eterna juventude, inacessível aos que apresentam os primeiros sinais do declínio físico. Jagger chegou para mudar essa escrita. Chegou à oitava década de vida condenado, por muitas vezes, ao mesmo fim que alguns de seus contemporâneos da música, como Jimmy Hendrix, Tina Turner, Chuck Berry ou Jerry Lee Lewis.
Sem dúvida, a longevidade artística do cantor se deve à reconhecida habilidade de Sir Michael Philip Jagger em gerenciar a sua própria marca. Incursões no cinema e uma carreira solo se provaram fiascos ou, no máximo, distrações. Mick Jagger é, para todos os efeitos, o cantor dos Rolling Stones, a grande máquina do rock que sobreviveu ao progressivo, ao punk, ao synthpop, ao rap, ao grunge e às boy bands, sempre se reinventando, até fora dos palcos.
Ao entendimento dessa verdade, porém, o astro não chegou sozinho: foi preciso que a intervenção quase sempre turbulenta da sua nêmesis, sua cara-metade nos Stones, o guitarrista Keith Richards, para que ele fosse reconduzido à trajetória com a banda. Depois de míticos anos 1960 e problemáticos 1970, os Stones entraram pelos 1980 como uma espécie de lenda viva que adaptou sua experiência de rock puro para os estádios, atingindo plateias (e cifras) cada vez maiores.
Com Keith Richards (que completa 80 anos em 18 de dezembro), ele prepara o lançamento de um álbum de inéditas do grupo (o primeiro desde “A bigger bang”, de 2005), com as participações do beatle Paul McCartney e do ex-baixista dos Stones, Bill Wyman, de 86 anos – um disco que deve levá-los aos palcos, onde, desde 1980, já arrecadaram a cifra de US$ 2,1 bilhões.
Mas, por enquanto, o certo é a festa de aniversário, para a qual o cantor alugou o Chelsea Physic Garden, um jardim botânico em Londres, onde recebe hoje à noite seus mais de 300 convidados, entre os quais a noiva Melanie Hamrick (coreógrafa, de 36 anos de idade), Keith Richards, Ronnie Wood (o outro guitarrista sobrevivente dos Stones) e Bill Wyman. E, claro, não tem hora para acabar.