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Jeff Machado confidenciou à mãe que Bruno estava muito estranho dias antes do crime

A mãe do ator desabafou sobre as preocupações do filho. A defesa de Bruno, acusa um terceiro de ter cometido o crime.
Foto: Divulgação

Dias antes de desaparecer, Jeff Machado confidenciou à mãe, Maria das Dores Machado, 73, que o amigo Bruno estava “muito estranho”. O ator acreditou que seria vítima de um golpe após dar dinheiro para o homem, que parou de responder a suas mensagens. Bruno Rodrigues é um dos suspeitos de participação na morte do ator.

Segundo a mãe do ator, Maria das Dores Machado, no dia 15 de janeiro, ela falou com o Jefferson e ele disse: ‘Mãe, o Bruno está muito estranho. Eu tento falar com ele, porque tenho que fazer um MEI (Microempreendedor Individual). Ele marcou, e não veio. Eu já teria que entrar nessa novela agora'”, contou.

Ela tentou tranquilizar o filho, embora também tenha desconfiado do comportamento do amigo dele. “Eu disse: ‘Ah, meu filho, às vezes, eles estão com muito trabalho, mas vai dar tudo certo.’ Eu nunca botei pensamento negativo em nada.

O ator também revelou que “estava desanimado” com a falta de retorno de Bruno, que até então se passava por produtor e havia prometido ao ator um papel em uma novela em troca de dinheiro.

“Naquele dia ele já estava alugando uma casa, já estava cavando um buraco, já estava preparando tudo. Tudo. Meus Deus! Como diziam as pessoas antigas: ‘Que sangue frio’. Que sangue frio ter uma pessoa dessa, um bandido, e ainda procurando defesa”, relata Maria.

A mãe do artista também afirma que Bruno tentou desqualificar o filho em depoimento. “Quando fizemos o boletim de ocorrência aqui [Araranguá, Santa Catarina], o meu filho [Diego Machado] pediu para ele [Bruno] fazer um. Daí ele falou que o Jeff era depressivo, bipolar […] para a polícia pensar que o Jeff tinha tido um surto.”

“O Jefferson, como ele estava com esse sonho, não enxergou o lado da maldade. Ele acreditou realmente que ele poderia fazer isso, que era uma pessoa amiga.”

A mãe do artista lembra que chegou a realizar transferências bancárias a Bruno para ajudar o filho a conseguir o papel em uma novela. “Por três, quatro vezes. Porque diz que para entrar teria que pagar alguma coisa, né, um agenciador lá que ele dizia que não era o Bruno, que era um tal de Filipe.”

Ela também descreve o que acredita ter sido a cena do crime: “Quando o Jeff se deu conta de que a pessoa que era amiga dele, que era o Bruno, ele estava ali para matar. Com um copo de veneno, com um arame. O que é isso? E ainda fica dizendo na televisão que não matou. Então quem foi?”.

Em depoimento, Jeander Vinícius da Silva Braga, um dos suspeitos, disse que Bruno dopou Jefferson com uma substância em um suco. Os três teriam se dirigido ao quarto da vítima, que achava que participaria de um ato sexual para uma plataforma de conteúdo adulto. Ao entrar no local, Jefferson, dopado, foi estrangulado com um fio de telefone pelo Bruno. Segundo a polícia, Bruno e Jeander se conheciam há longa data.

Os advogados de Bruno acusam um terceiro homem, chamado Marcelo, de ter assassinado Jeff depois de se irritar ao descobrir que o artista era portador do vírus HIV –informação desmentida pela mãe. A defesa alega que o ex-assistente participou apenas da ocultação do corpo.

O documento apresentado pela defesa de Bruno Rodrigues diz que ele não precisa estar preso para que a investigação prossiga, e que o suspeito colabora com o que lhe é solicitado.

Maria das Dores Machado diz que “não tem mais lágrimas” para chorar a morte do filho. “Eu estou fora do ar. Meus pés parecem que não pisam no chão. Eu não tenho mais lágrimas, acredita? Eu não sei se é a medicação que eles me dão, mas eu não consigo mais chorar. Sinto dor, tristeza, insegurança, incerteza. Senhor”, conta.

A mãe do ator pede justiça e que os responsáveis pelo crime sejam condenados à prisão. “A justiça de Deus não falha. Eu sei que a polícia está se empenhando muito. Não se pode deixar passar uma situação tão trágica esquecida. Tem que pegar os assassinos e fazer eles confessarem. Fazer eles confessarem mesmo, acharem quem foi que fez essa maldade.”

Ela também critica brechas do judiciário: “Nesse mundo tem direitos para tudo, principalmente para o mal […] É muito cheio de regalias. Se apresenta em programa de televisão. Onde é que está o respeito como o ser humano, o respeito com a mãe, com a família, com o irmão? Com a memória do meu filho?”.

Maria das Dores acredita que a lei muitas vezes é usada para beneficiar criminosos. “Arrumam leis e não sei mais o quê para inocentar, ou pelo menos ficar solto. Pergunta para as mães do Brasil se elas concordam com uma situação dessa. É muito fácil quando tu não é o pai ou a mãe, mas é o meu filho que está ali. É para o meu filho que eu estou pedindo justiça. É para meu filho que eu peço justiça”.