Doze integrantes da CPI dos Atos Golpistas protocolaram no Ministério Público Federal uma notícia-crime contra o coronel do Exército Jean Lawand por crime de falso testemunho no depoimento prestado na terça (27) à comissão parlamentar de inquérito.
O coronel Jean Lawand Junior foi convocado depois que foram divulgadas mensagens com teor golpista que estavam no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro.
Nas mensagens de 2022 enviadas a Mauro Cid, Lawand incentiva um golpe de Estado para impedir a posse do então presidente eleito, Lula. Em primeiro de dezembro, Lawand mandou uma mensagem de áudio a Mauro Cid dizendo que Bolsonaro deveria dar ordens para o Exército agir.
Em um áudio, Lawand disse a Cid: “Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo tá com ele, cara”. Cid respondeu: “Mas o Pr (Presidente da República) não pode dar uma ordem… se ele não confia no ACe (Alto Comando do Exército).”
Ao ser perguntado sobre o significado da mensagem na CPI, Lawand afirmou: “A ideia minha, desde o começo, desde a primeira mensagem com o Tenente-Coronel Cid foi que desse… que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo e as pessoas voltarem às suas casas e seguirem a vida normal”.
Para os parlamentares, a versão é mentirosa. Na representação, eles alegam que ficou claro o pedido para que o então presidente Bolsonaro desse uma “ordem” e não uma mensagem apaziguadora. E dizem ainda que a ordem para uma suposta mensagem com o intuito de desmobilizar quem acampava em frente aos quarteis não exigiria a participação do Alto Comando do Exército.
Ao fim do depoimento de Lawand, o próprio presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), argumentou que o depoimento do coronel era inverossímil:
“O tempo inteiro, eu achei, eu entendi que o senhor estava faltando com a verdade, mas fiz de tudo para manter o meu lado legalista de não poder interpretar, de acordo com o meu sentimento e não com a prova material para comprovar, que o senhor estava faltando com a verdade”, disse.
Os parlamentares pedem que um procurador da República analise o caso e investigue o crime de falso testemunho. O pedido é assinado pelos deputados Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Duarte Júnior (PSB-MA), Rogerio Correia (PT-MG), Duda Salabert (PDT-MG), Rubenes Pereira Junior (PT-MA), Erika Hilton (PSOL-SP) e Adriana Accorsi (PT-GO). Também assinam os senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Jorge Kajuru (PSB-GO), Rogerio Carvalho (PT-SE) e Soraya Thronicke (União-MS).