O governo optou por incorporar no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ser lançado na sexta-feira, a análise técnica, econômica e social sobre a finalização das atividades na usina nuclear de Angra 3, situada em Angra dos Reis (RJ). No ano passado, a estatal Eletronuclear retomou o processo de concretagem da estrutura do reator da usina. Recentemente, houve considerações internas na Casa Civil sobre a possibilidade de suspender a construção, enquanto o Ministério de Minas e Energia defendia sua continuidade. Após intervenção de parlamentares do Rio, o ministro Alexandre Silveira defendeu a continuação da obra.
Ainda não está definido se o valor total da obra ou somente os estudos serão incorporados ao PAC. Os estudos são considerados essenciais devido à complexidade da empreitada. O Ministério de Minas e Energia estima que a conclusão da usina demandaria R$ 20 bilhões, com quase R$ 10 bilhões já investidos até agora.
Embora existam preocupações quanto ao custo, defensores da usina apontam que ela oferece energia contínua (ao contrário de eólica e solar) e está localizada próxima ao centro consumidor. No entanto, tais atributos poderiam ser supridos por outros tipos de usinas, como termelétricas a gás, que são mais econômicas que nucleares.
Com a privatização da Eletrobras, a Eletronuclear foi transferida para a ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A), devido à restrição constitucional de controle privado sobre equipamentos nucleares. Mesmo após a privatização, a nova Eletrobras mantém participação na Eletronuclear, fazendo com que os movimentos da última afetem as ações da primeira.
A construção de Angra 3, suspensa em 2015 devido a problemas financeiros e investigações da Lava-Jato, tem sido um desafio para diferentes governos. A usina tem capacidade de 1,4 GW e poderia gerar energia para cerca de 5 milhões de residências. Investigações da Polícia Federal relacionadas à Lava-Jato identificaram desvios na obra, resultando na prisão de executivos da Eletronuclear.