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Flamengo emite nota sobre os casos de violência durante a decisão da Copa do Brasil

O clube carioca exige medidas urgente por parte das autoridades
Foto: Reprodução TV Globo

O Clube de Regatas do Flamengo, emitiu uma nota na noite desta segunda-feira (11), onde o clube cita diversos fatos considerados graves na segurança durante a partida pela decisão da Copa do Brasil, que aconteceu neste domingo (20), no novo estádio do Atlético MG, time que disputava o titulo contra o Flamengo.

Na nota o clube afirma que “o cenário de guerra visto ontem não é uma novidade em jogos realizados em Belo Horizonte, contra a equipe do Atlético Mineiro.” E exigiu que as autoridades responsáveis (Ministério Público, Órgãos de Segurança Pública, Superior Tribunal de Justiça Deportiva, Confederação Brasileira de Futebol, dentre outros) tomem medidas urgentes.

A partida foi marcada por confrontos dentro e fora de campo. Antes de a bola rolar, torcedores de Flamengo e Atlético-MG conseguiram entrar no estádio sem apresentar ingressos. Brigas horas antes da partida também ocorrerem fora do estádio. Um torcedor atleticano foi esfaqueado, após uma briga com torcedores do Flamengo.

Já durante a partida o clima também ficou tenso. Em alguns copos de água foram atirados na direção do campo por parte da torcida atleticana. Um laser foi direcionados mais de uma vez ao rosto do goleiro do Flamengo, Rossi. Após o gol de Gonzalo Plata, que deu a vitória para o Flamengo, a situação ficou ainda mais grave, mais copos e até bombas foram arremeçadas, além de tentativas de invasão ao gramado.

A CBF divulgou a súmula de Atlético-MG e Flamengo. Nela, a equipe de arbitragem informa uma série de incidentes na Arena MRV durante e depois da partida. Com base neste relato, o Galo deverá ser denunciado pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta semana.

 

Confira a nota do Flamengo na íntegra:

“O Clube de Regatas do Flamengo vem a público, após as lamentáveis cenas de selvageria ocorridas ontem, dia 10.11.2024, dentro e fora das dependências da arena do Clube Atlético Mineiro, manifestar seu absoluto repúdio em face das agressões sofridas pelos torcedores, profissionais envolvidos no espetáculo, jogadores e comissão técnica deste clube.

Infelizmente, o cenário de guerra visto ontem não é uma novidade em jogos realizados em Belo Horizonte, contra a equipe do Atlético Mineiro. A rivalidade entre as equipes, que deveria ficar restrita ao ambiente desportivo, de forma salutar, extrapolou a barreira do razoável, de modo que as autoridades (Ministério Público, Órgãos de Segurança Pública, Superior Tribunal de Justiça Deportiva, Confederação Brasileira de Futebol, dentre outros) precisam e devem tomar medidas urgentes.

O país inteiro foi testemunha das diversas e graves violências praticadas ontem por parte dos torcedores do Atlético Mineiro. Não se pode ignorar ou simplesmente deixar cair no esquecimento, os episódios de violência que ocorreram no domingo. Eles precisam ser tratados com a importância e atenção que merecem.

Os gestores da Arena MRV, juntamente com a diretoria do Clube Atlético Mineiro, tinham a obrigação legal de organizar o evento e assegurar a segurança dos presentes e não se desincumbiram disso. A fiscalização e revista de pessoas foi totalmente falha, permitindo o ingresso de bombas e outros artefatos, que causaram danos e ferimentos a pessoas.

Mesmo a imprensa já tendo elencado os absurdos acontecidos ontem, o Flamengo entende que é de extrema importância relembrar alguns desses acontecimentos:

1.Na entrada da torcida do Flamengo ao estádio houve confusão generalizada, uma vez que o sistema de catracas do setor visitante não comportava a entrada da torcida. A Polícia Mineira agiu com truculência, jogando gás de pimenta nos torcedores, onde estavam idosos, mulheres e crianças.

2.Os bares destinados à torcida do Flamengo pararam de vender bebidas e refrigerantes ainda no primeiro tempo de jogo, sendo que além do calor intenso os torcedores do Flamengo não tinham sequer acesso à água potável, para limpar o rosto em razão do uso constante de gás de pimenta e, ainda, para hidratação.

3.O camarote destinado aos dirigentes e à comissão técnica do Flamengo não contou com a segurança necessária para um evento desta magnitude. Diversos torcedores do Atlético Mineiro ofenderam e ameaçaram os dirigentes, os profissionais do Flamengo e seus respectivos familiares, no trajeto de acesso e saída dos camarotes.

4.Inúmeras bombas foram lançadas dentro de campo, uma delas estourou muito próxima ao goleiro do Flamengo (Rossi), outra quase atingiu o jogador Plata, durante a comemoração do gol e uma terceira, infelizmente, atingiu um repórter que estava trabalhando no jogo (Nurenberg José Maria), o qual não teve, sequer, auxílio da maca em campo, tendo que caminhar com dedos quebrados e um tendão rompido, vindo, inclusive, a ser submetido a uma cirurgia, como amplamente divulgado pela mídia.

5.Durante toda a partida, foram arremessados copos e outros objetos nos jogadores do Flamengo, em campo e no banco de reservas, sem que a segurança da Arena intervisse para conter esses arremessos.

6.Invasão de campo pela torcida do Atlético Mineiro, com o objetivo de agredir fisicamente os jogadores e integrantes da comissão técnica do Flamengo.

7.Durante toda a comemoração e a cerimônia de premiação, os responsáveis pela Arena MRV, de forma deliberada e antidesportiva ligaram, no último volume, o sistema de som do estádio para tocar repetidamente, por quase uma hora, o hino do Clube Atlético Mineiro, em uma atitude desrespeitosa e contrária ao Fair Play.

8.Foram verificados atos de racismo e de misoginia praticados por torcedores do Atlético Mineiro em face da torcida do Flamengo e de mulheres profissionais de imprensa.

9.Destaca-se, ainda, diversos relatos de emboscadas de torcedores do Atlético Mineiro aos ônibus das torcidas do Flamengo, bem como reclamações de jornalistas sobre as condições de trabalho do estádio.

Assim, considerando os fatos acima narrados, bem como a nítida falta de segurança dentro e fora da Arena MRV, esperamos que a Justiça Desportiva, conjuntamente com a CBF, se posicione com firmeza para que sejam punidos todos os responsáveis pelos atos de vandalismo, agressão e selvageria que mancharam a imagem de uma das maiores competições do futebol brasileiro.

SRN

 

O que pode acontecer com o Atlético MG 

O Atlético deverá ser enquadrado nos artigos 211 e 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), podendo implicar em perda de mando de campo de um a dez jogos, além de multa de até R$ 200 mil.

O artigo 211 prevê ainda a interdição do estádio para o clube que “deixar de manter o local que tenha indicado para realização do evento com infraestrutura necessária a assegurar plena garantia e segurança para sua realização”.

Portanto, caso o pedido de interdição do estádio atleticano seja acatado, a partida contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, pode ter sido a última do Galo em sua casa na atual temporada.