Duas ampolas, cada uma com oito gramas de urânio enriquecido (material altamente radioativo), desapareceram das instalações da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende, no Médio Paraíba. O urânio, procedente da Urenco (consórcio de empresas da Alemanha, Inglaterra e Holanda), seria utilizado na produção de elementos combustíveis para a usina Angra 2. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e a Policia Federal foram comunicados.
Os cilindros com as ampolas estavam sendo armazenados numa sala comum, segundo fontes. A constatação do sumiço ocorreu quando houve a transferência para outra local, durante a contabilidade no dia 17 de julho. Segundo fontes, a descoberta foi feita pela INB e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN0, que teriam aberto sindicância para apurar o caso, considerado grave.
Há pouco, a INB divulgou nota interna confirmando o desaparecimento do material radioativo, que seria parte da produção do combustível para a usina nuclear Angra 2.
“A Indústrias Nucleares do Brasil – INB informa que, após uma transferência interna entre áreas de armazenamento na Fábrica de Combustível Nuclear – FCN, em Resende/RJ, realizada em julho, foi detectada a ausência de dois tubos contendo amostras* testemunho de UF6 (hexafluoreto de urânio) enriquecido. Os recipientes contêm pequena quantidade do material utilizado na produção de combustível para Angra II. Com 8 cm de comprimento, cada tubo possui massa de aproximadamente 8 gramas de UF6 enriquecido. A empresa ressalta que, em relação aos riscos radiológicos, a liberação do conteúdo, caso ocorra, não acarreta danos à saúde de um indivíduo”, diz a nota.
A INB afirma, na mesma nota, que a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN foi comunicada e acompanha as ações tomadas.
“A empresa vem concentrando todos os seus esforços para a localização das amostras, com atuação das equipes de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, Proteção Física, Proteção Radiológica e Operação e Manutenção da Planta Química. As buscas foram iniciadas assim que foi detectada a ausência dos tubos, sendo realizadas no interior das áreas supervisionadas e controladas, escritórios e, principalmente, no trajeto percorrido para transferência dos recipientes, além de outras áreas da Unidade. Como os dois tubos não foram localizados no interior da FCN, a INB informou o “evento ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) e à Polícia Federal”, conclui.
A empresa disse ainda que abriu um processo administrativo e procura identificar melhorias para que eventos como este não voltem a ocorrer. Sobre as amostras: Cada cilindro de urânio enriquecido utilizado na produção dos elementos combustíveis para as recargas das usinas de Angra tem armazenada uma amostra, denominada amostra testemunho. Esta amostra passa a integrar o inventário físico de material nuclear, verificado durante inspeções das agências internacionais (Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA e Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares – ABACC).
*Com informações de Tânia Malheiros