Ouça agora

Ao vivo

Três apostas acertam as seis dezenas da Mega-Sena
Brasil
Três apostas acertam as seis dezenas da Mega-Sena
Polícia Federal realiza operação contra extração ilegal de areia em Seropédica
Baixada Fluminense
Polícia Federal realiza operação contra extração ilegal de areia em Seropédica
PMs vão passar por treinamento para identificar atos racistas e atender vítimas nos estádios
Destaque
PMs vão passar por treinamento para identificar atos racistas e atender vítimas nos estádios
ANS suspende comercialização de nove planos de saúde
Brasil
ANS suspende comercialização de nove planos de saúde
Maracanã tem novo espaço para atender mulheres vítimas de violência
Destaque
Maracanã tem novo espaço para atender mulheres vítimas de violência
PM apura possíveis abusos em abordagem a adolescentes negros no Rio
Destaque
PM apura possíveis abusos em abordagem a adolescentes negros no Rio
Fluminense e Inter empatam no Maracanã e ambos se mantem na mesma posição no Brasileirão
Esportes
Fluminense e Inter empatam no Maracanã e ambos se mantem na mesma posição no Brasileirão

Alerj homenageia ícones do cinema nacional e lança frente parlamentar de fomento do audiovisual

A cerimônia homenageou e premiou Zezé Motta, Luís Carlos Barreto, Lucy Barreto e Bruno Wainer. A Alerj lançou também a Frente Parlamentar de Fomento do Audiovisual,
Foto: Reprodução/Alerj

No dia em que o Cinema Brasileiro completa 125 anos, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) homenageou nesta segunda-feira (19) grandes nomes que fazem a história da Sétima Arte do país. O plenário do Palácio Tiradentes, sede histórica do Parlamento fluminense, serviu de “locação” para premiar Zezé Motta, Luís Carlos Barreto, Lucy Barreto e Bruno Wainer com os Prêmios Dandara, José de Alencar e Heloneida Stuart.

Na ocasião, a Alerj lançou também a Frente Parlamentar de Fomento do Audiovisual, que foi publicada no Diário Oficial desta segunda e será composta por seis deputados: Munir Neto (PSD), Luiz Paulo (PSD), Dani Balbi (PCdoB), Dani Monteiro (PSol), Martha Rocha (PDT) e Célia Jordão (PL). Com objetivo de desenvolver o segmento de audiovisual no estado, além de democratizar, interiorizar e promover sua inclusão, a frente quer devolver ao Estado o papel de protagonista na produção do cinema brasileiro.

“A missão desta frente é, juntamente com todos os setores do mercado audiovisual e o poder executivo, restabelecer o Estado do Rio como potência criativa nacional e mundial”, justificou Munir Neto, responsável pela idealização do evento e criação da Frente – ele será o presidente do grupo.

Homenageados

A atriz Zezé Motta foi agraciada com o Prêmio Dandara, destinado a personalidades que contribuem para a valorização da mulher negra afrodescendente, latino-americana e caribenha no estado. A artista de 78 anos já estrelou novelas como Xica da Silva (1997), O Outro Lado do Paraíso (2018) e Sinhá Moça (1996). Em sua fala, Zezé aproveitou para cantar um trecho da música “Minha missão”, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro.

“Esses prêmios são sempre bons porque representam o reconhecimento do nosso trabalho e um incentivo para que a gente continue na luta eterna pelo cinema nacional, que balança mas não morre. Dedico a música ‘Minha missão’ ao cinema nacional, que cumpre sua trajetória com dignidade”, discursou.

Uma das homenageadas, a atriz Zezé Motta. Foto: Reprodução/Alerj

O distribuidor Bruno Wainer foi agraciado com o Prêmio José de Alencar, que é destinado a personalidades que tenham contribuído para o desenvolvimento econômico do Estado do Rio. Ele é o fundador da Downtown Filmes, a única distribuidora dedicada exclusivamente a filmes nacionais. Entre os sucessos da empresa, está o sucesso de bilheteria “Minha Mãe é uma Peça”, que levou o ator Paulo Gustavo ao estrelato. A distribuidora acumula números relevantes desde sua fundação: 157 filmes lançados, 139 milhões de ingressos vendidos; 75% do marketing share nacional.

“Na minha profissão a gente luta contra as grandes corporações internacionais, é uma luta de Davi contra Golias. Vale ressaltar que quando um filme brasileiro faz sucesso, está gerando empregos e receitas aqui no país. Viva o cinema nacional!”, celebrou.

Bruno Wainer foi agraciado com o Prêmio José de Alencar. Foto: Reproduão/Alerj

Com 60 anos de carreira, o casal de diretores Luís Carlos Barreto e Lucy Barreto receberam o Prêmio Heloneida Studard de Cultura, destinado a homenagear quem se destaca na promoção da Cultura de nosso Estado. À frente das produtoras L.C. Barreto e Filmes do Equador, o casal tem em seu currículo sucessos como Vidas Secas (1963), Dona Flor e seus Dois Maridos (1976) e O Quatrilho (1995), indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1996.

“É no tempo livre em que o ser humano forma a consciência, o conhecimento e a visão de mundo. A produção cultural é um dever de cada Governo federal, estadual e municipal. As políticas públicas devem visar exatamente à consciência do cidadão, contra preconceitos e adversidades. A cultura liberta o imaginário do ser humano”, disse Barreto, de 95 anos.

Já Lucy, de 90 anos, citou o privilégio de receber um prêmio com o nome de Heloneida Studart. “Eu fico mais grata ainda por essa homenagem ter o nome de uma amiga, que muito me ajudou na minha vida profissional. Ela deixa saudades. O cinema brasileiro está mais vivo do que nunca”, disse.

O casal de diretores Luís Carlos Barreto e Lucy Barreto receberam o Prêmio Heloneida Studard de Cultura. Foto: Reprodução/Alerj

Frente do Audiovisual já começa a atuar

Em meio às homenagens, a criação pela Alerj da Frente do Audiovisual foi destacada pela maioria dos presentes à solenidade e o colegiado já nasce com um conjunto de propostas de fomento ao audiovisual fluminense. Através de conversas com o segmento, como a Associação Brasileira de Autores Roteiristas, a Firjan, o Sindicato da Indústria Audiovisual, a Associação dos Distribuidores Brasileiros e a Brasil Audiovisual Independente, deputados começam a elaborar projetos de lei, como o que cria a Cota de Tela Fluminense, para garantir espaço de exibição aos filmes brasileiros nos cinemas do estado. Um outro projeto também cria o Programa de Apoio ao Cinema Fluminense em Mostras, Festivais e Premiações.

O deputado Luiz Paulo, que presidiu a solenidade, ressaltou que a primeira experiência de cinema aconteceu em solos fluminenses e que a indústria audiovisual deve ser valorizada no nosso estado. “Essa homenagem mostra que o cinema brasileiro está vivo, produtivo, e tem uma longa história de resistência. O Parlamento fluminense considera que a cultura é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do nosso estado, por isso deve ser apoiada de forma combativa, inclusive com a criação da frente parlamentar”, acrescentou o deputado.

Presente no evento, a secretária estadual de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, ressaltou que a Alerj vem apoiando o segmento. “Fico animada em olhar para frente e ver que a cultura vem pautando essa Casa Legislativa, como foi o caso da audiência pública sobre a Lei Paulo Gustavo. Nosso Estado não pode ser conhecido somente por ser vanguardista, temos que realmente trabalhar para que o segmento volte a ser o que era. Por falta de recursos, a gente deixa de fazer coisas novas para manter salas já existentes no interior, por exemplo”, frisou.

Foto: Reprodução/Alerj

Para o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual e vice-presidente de Economia Criativa da Firjan, Leonardo Edde, a cultura tem um grande impacto na economia fluminense. “Essa frente vem para alavancar o estado do Rio que, desde muito tempo, é considerado um destino cinematográfico no mundo e veio perdendo seu espaço. A indústria criativa impacta positivamente quase 70 segmentos da economia, é a que mais emprega jovens de 15 a 29 anos no mundo inteiro. E num estado como o Rio de Janeiro, essa indústria chega a 5% do PIB, ou seja, é uma indústria multiplicadora de emprego e renda”, pontuou.

Presidente da Comissão de Cultura, a deputada Verônica Lima (PT) lembrou que é dever do Estado oferecer acesso à cultura. “O Estado brasileiro sempre foi um tambor de ressonância da cultura no Brasil, mas nos últimos anos vinha sendo muito atacado. Agora, com a retomada do Ministério da Cultura, que terá um aporte financeiro de R$ 10 bilhões, o segmento volta a respirar. É importante contarmos com o reforço da Frente Parlamentar do Audiovisual.” revelou.

Também integrante tanto da Comissão de Cultura, quanto da Frente Parlamentar, a deputada Dani Balbi, que já trabalhou como roteirista de cinema, ressaltou o papel da produção audiovisual na valorização das diversas realidades do nosso país. “O cinema nacional vale por si só no sentido que reflete as contradições que colorem o Brasil e o nosso povo na sua diversidade. O cinema tem como princípio formador a produção do contraste, especialmente no Rio de Janeiro. É fazer com que essa realidade seja mais ampla que outras vozes, ora silenciadas, sejam retratadas como o coração de um Brasil pulsante e plural”, apontou.