Os tradicionais festejos de São João já estão acontecendo em vários pontos das cidades, e com eles vêm o maior risco de queimaduras. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) alerta para o aumento do número de casos de vítimas e reforça a necessidade de redobrar a atenção nesse período. Fogueira, balões, brincadeira com os fogos de artifício e até a manipulação dos caldos, prato tradicional desta época, representam um perigo não só para as crianças, mas também para os adultos. O Hospital de Traumatologia e Ortopedia da Baixada Fluminense (HTO Baixada), em Nilópolis, e o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, são unidades de referência no tratamento especializado da rede. Somente nos seis primeiros meses deste ano, 339 pessoas foram internadas vítimas de queimaduras nessas duas unidades.
“É nessa época em que mais nos preocupamos com as vítimas de queimaduras. E se a pessoa tem esse ferimento e precisa de atendimento hospitalar, é porque quase sempre o ferimento é grave. O tratamento é longo e exige uma equipe com diferentes profissionais. Durante o período das festas Juninas, Julinas e Agostinas temos um aumento de acidentes relacionados aos festejos e faço aqui o alerta sobre a importância da prevenção e do cuidado redobrado, sobretudo, com as crianças”, ressaltou o secretário de estado de Saúde do Rio, Dr. Luizinho.
No HTO Baixada, de janeiro a junho deste ano, 43 pessoas foram internadas vítimas de queimaduras e foram realizados 143 procedimentos cirúrgicos no período. Já em 2022, foram 40 pessoas internadas e 106 cirurgias.
“Durante as festas de São João, as queimaduras mais comuns são nos pés, mãos, rosto e no tronco. Com o contato de acender ou “pular fogueiras” e com a manipulação de fogos de artifício, o risco de queimaduras de terceiro grau, aquelas mais profundas, aumentam muito” explicou o diretor-geral do HTO Baixada, Rodrigo Ramos.
Já no HEAT, de janeiro a junho deste ano, foram contabilizados 196 pacientes vítimas de queimaduras. O número é cerca de 42% maior em relação ao mesmo período do ano passado, quando a unidade atendeu 138 pacientes. Líquido quente é a principal causa de queimaduras mais leves e os inflamáveis e choques elétricos os principais motivos de queimaduras graves.
“Isso também vale para os fogos de artifício e, principalmente, para os balões, uma prática proibida que pode causar muitos estragos. Os explosivos são perigosos e podem provocar queimaduras graves, amputações e até cegueira”, garante o coordenador do Centro de Trauma do HEAT, Marcelo Pessoa.
Durante todo o mês de junho, dedicado ao alerta para os riscos de queimaduras e conhecido como Junho Laranja, foram realizadas palestras sobre os riscos de queimaduras para os servidores das unidades de saúde.
Veja as principais recomendações dos especialistas para evitar queimaduras:
- Não deixar que as crianças brinquem com estalinhos ou bombinhas. Esses artefatos parecem inofensivos, mas podem provocar queimaduras.
- Evitar o contato com o fogo e a manipulação dos fogos após ingerir bebidas alcoólicas.
- Não utilizar álcool para acender churrasqueiras e fogueiras. Essa prática é perigosa e atrai o fogo para quem está jogando álcool.
- Não permitir que crianças tenham acesso à cozinha e principalmente ao fogão durante o preparo das comidas típicas. Além disso, evite carregar crianças no colo enquanto manipula as panelas e produtos quentes.
- O perigo também está no acesso às substâncias quentes, como óleo de fritura e caldos. Além do risco de morte, essas substâncias geram cicatrizes que podem durar para toda vida.
- Não utilize toalhas de mesa compridas. As crianças podem puxar e trazer para si produtos quentes que podem causar queimaduras graves.
- Em caso de queimadura, não é recomendado fazer uso de remédios caseiros como pasta de dente, manteiga, pó de café e outros. Essas medidas, não apenas pioram a evolução das queimaduras, como também dificultam o tratamento adequado, gerando infecções. O indicado é lavar a área atingida com água corrente até a dor passar.
- Desde a pequena queimadura, até as mais extensas, exigem cuidados específicos. Por isso, é sempre recomendado procurar o atendimento e orientação médica em todos os casos.