O Conselho Deliberativo do Vasco se reuniu na noite desta quinta-feira, em sessão extraordinária, para cobrar esclarecimentos da SAF sobre as contas da empresa e o momento ruim do futebol. Convidados, Luiz Mello e o diretor Paulo Bracks não compareceram. Membros do Conselho de Administração da SAF, o presidente Jorge Salgado e o vice Roberto Duque Estrada estiveram no encontro.
Mello alegou conflito de agenda para não comparecer à sessão. Paulo Bracks, no entanto, não foi informado sobre a reunião. O convite foi feito através do e-mail cooporativo do Vasco SAF e respondido sem o conhecimento do dirigente.
Desse valor, US$ 4 milhões já foram devolvidos, com juros. No entanto, o empréstimo foi realizado sem o conhecimento de membros do Conselho de Administração da SAF, o que causou muito incômodo. Salgado e Duque Estrada falaram que a SAF se comprometeu, caso isso volte a acontecer, que o tema passará pelo conselho e haverá novas regras de governança.
O presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Fonseca, criticou a forma como o empréstimo ocorreu, disse que os limites foram excedidos e ressaltou que isso pode até configurar em quebra de contrato.
– Em relação ao empréstimo, eu não sei exatamente se a frase que vou falar é dura, mas existe uma figura que é a do abuso de poder de controle. A realização desse empréstimo, sem que ocorra uma política definida para esse tipo de operação, sem que tenha passado pelo Conselho de Administração da SAF… Não sei se as responsabilidades estão corretamente colocadas, porque não sei se foi uma ação da diretoria executiva da SAF ou se foi uma ação exigida pelo controlador da SAF. Mas isso pode configurar abuso de poder do controle. Isso pode materializar, sim, que o compromisso de aporte não tenha sido cumprido. Porque pode ter sido feito o aporte e retirado o recurso em seguida em um processo de simulação. Acho que caberia uma manifestação expressa nesse sentido. Não sou adepto da relação divergente e de briga, gosto da conversa, mas temos em determinados momentos mostrar onde estão nossos limites. E aqui, claramente, houve um excesso desse limite – disse Fonseca.
Diante das críticas por conta do empréstimo da SAF para empresa da 777, Roberto Duque Estrada afirmou, na reunião, que a operação não foi levada ao conhecimento do Conselho de Administração da SAF, e que o clube associativo protestou. A SAF se comprometeu a criar regras de governança específicas para casos como esses.
Um outro ponto polêmico da sessão foi a fala do presidente Jorge Salgado, que se disse realizado com o momento do Vasco. Em meio às críticas dos conselheiros à gestão da 777 e ao momento do futebol, a declaração pegou muito mal.
– Eu me sinto bastante realizado por ter cumprido esse mandato e estar entregando um clube forte, competitivo, com as finanças rigorosamente em dia, sem nenhum compromisso olhando para trás – disse Salgado.
Por outro lado, após a reunião, o vice-presidente do Vasco, Carlos Roberto Osório, foi na contramão de Salgado e fez críticas à gestão da SAF.
– Nem nos nossos piores pesadelos poderíamos imaginar essa situação que estamos vivendo no Campeonato Brasileiro. No momento a prioridade absoluta deve ser a melhora do desempenho do futebol. A Vasco SAF tem que acertar na contratação do técnico e dos reforços na janela para garantir a temporada. Na área corporativa todos nós entendemos que a gestão executiva da SAF deve ser avaliada e responsabilizada pela conduta e resultados em todas as áreas. Empresa profissional funciona assim – disse Osório.
Durante a sessão do Conselho Deliberativo, nesta quinta, o vice-presidente do Vasco, Roberto Duque Estrada, informou que o Conselho de Administração da SAF autorizou um aumento no orçamento do futebol solicitado pelo diretor Paulo Bracks para a janela de transferências. Os valores e as datas, no entanto, não foram detalhados.
Ao longo de toda reunião, ficou clara a insatisfação da maioria dos conselheiros em relação aos primeiros meses da SAF à frente do Vasco. Não foram poucas as críticas ao futebol, à gestão e ao marketing da empresa.
O trabalho do CEO Luiz Mello, que não tem um bom relacionamento com dirigentes do clube associativo, foi muito questionado. Mello, inclusive, recebeu uma moção de repúdio do Conselho Deliberativo por ter recusado dois convites dos conselheiros para prestar esclarecimentos.
Além disso, foram citadas as questões do termo de posse, que ele teria assinado como sócio do Flamengo, a falta de transparência nas finanças e o momento do futebol. Por ampla maioria, a moção foi aprovada. Apenas 10 conselheiros foram contra, e outros três se abstiveram. A sessão reuniu mais de 100 conselheiros.
A moção, no entanto, não tem nenhum efeito prático. É apenas uma manifestação política que mostra formalmente que o clube não está satisfeito com o CEO da SAF.