Uma pesquisa do Instituto Ipsos feita em 29 países mostra o Brasil numa classificação negativa quando o assunto é sensação de violência. Em todos os itens avaliados, o país ocupou uma das cinco primeiras posições entre as nações que mais têm contato com a violência.
O Brasil está pior do que México, Malásia e Índia. Mais de 23 mil pessoas foram ouvidas.
O levantamento revelou que 60% dos entrevistados no Brasil já viram ou escutaram relatos sobre tráfico de drogas perto de casa. Um resultado bem acima da média geral do estudo.
Mais da metade dos brasileiros pesquisados contaram que já foram assaltados ou souberam de um assalto que aconteceu na vizinhança. Na Colômbia, por exemplo, o percentual foi de 29%.
O estudo também levantou dados sobre violência contra a mulher. Os números põem o Brasil novamente na 4ª pior posição do ranking global. Ao menos 63% disseram que presenciaram ou souberam de crimes contra mulheres no bairro onde moram.
O diretor de Opinião Pública do Instituto Ipsos disse que o resultado negativo do Brasil na pesquisa, infelizmente, era esperado.
“A gente observa que há uma correlação muito forte, intrínseca, entre dificuldades estruturais do país, ou seja, dificuldades econômicas, problemas sociais em geral, uma baixa oferta de empregos de qualidade, dificuldades de acesso a grande parte da população a uma educação de qualidade, a serviços de saúde de qualidade e manifestações de violência ou de criminalidade. Então de certa forma não surpreende que o Brasil figure com esse destaque tão negativo dentre tantos países avaliados”, revela Hélio Gastaldi.
Os pesquisadores também perguntaram aos entrevistados qual política-pública eles consideram mais urgente: entre criação de emprego e combate à violência, 59% responderam que preferem que o governo priorize a criação de empregos.
“O que significa que esse cidadão vive uma realidade tão dura, tão difícil, que ele prefere o atendimento de suas necessidades mais básicas como comida na mesa, por exemplo, pagar suas contas, saldar suas dívidas, do que efetivamente o combate direto à criminalidade que, talvez, seja uma realidade com a qual ele já esteja até familiarizado”, completa Hélio.