Composições de Heitor Villa-Lobos, Camille Saint-Saëns, Marcelo Bomfim e Francis Hime fazem parte do programa que a Orquestra Petrobras Sinfônica interpreta no dia 23 de novembro (quinta-feira), às 19h, na Sala Cecília Meireles. Sob a regência do maestro Felipe Prazeres, o concerto faz parte da série Prata da Casa que, na edição de 2023, apresenta repertórios propostos e interpretados pelos músicos da Petrobras Sinfônica, além de convidados especiais. Os solistas da noite são a violinista Andréa Moniz, o flautista Marcelo Bomfim e os violoncelistas Hugo Pilger e Matias de Oliveira Pinto.
O concerto faz parte do Festival Villa-Lobos, tradicional evento do Museu Villa-Lobos que objetiva ampliar o acesso à música brasileira de concerto, em especial a obra de Heitor Villa-Lobos. A Orquestra Petrobras Sinfônica e a Sala Cecília Meireles são patrocinadas pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Cultural.
O programa começa com a versão de Vittor Santos para “O trenzinho do caipira”, parte integrante de “Bachianas brasileiras nº 2”, popular composição de Heitor Villa-Lobos que se caracteriza por recriar o som de uma locomotiva com os instrumentos da Orquestra.
Em seguida, é a vez de “Concerto para violino e orquestra nº 3, op. 61”, obra em três movimentos do compositor e maestro francês da era Romântica, Camille Saint-Saëns. A solista é Andrea Moniz, violinista da Orquestra Petrobras Sinfônica.
A terceira obra da noite é “Duas passagens de ida e volta para flauta, orquestra de cordas e percussão”, composição de Marcelo Bomfim, flautista da Orquestra, que tem estreia mundial neste concerto na Sala Cecília Meireles. É uma obra em dois movimentos, que ilustra, por meio da música, a experiência de uma pessoa que sai de uma cidade, viaja para outra e retorna ao lugar de origem.
O primeiro movimento começa com uma bossa nova bem discreta, que representa o Rio de Janeiro, mas subitamente se transforma em um samba, que inicialmente aparece num compasso bem complexo (7/16), o que dá uma certa sensação de ansiedade. Segundo o autor, esse ritmo complicado ilustra a correria da capital paulista, a cidade “que não pode parar”. Após alguns solos virtuosísticos da flauta, do violoncelo e do violino, a música retorna à mesma bossa-nova melancólica do início do movimento.
O segundo movimento é um frevo, que ilustra a viagem de um indivíduo que sai de Recife em direção a Olinda e depois retorna à cidade de origem, a capital pernambucana. Porém esse frevo tem algo de singular: ele é pontuado com algumas inserções de trechos dodecafônicos, o que também causa no ouvinte uma sensação de inquietação.
“É como se o viajante estivesse seguindo um bloco mas, de repente, sentisse algum tipo de desconforto. Esse choque entre a linguagem tonal e a atonal subitamente dá lugar a um ambiente sonoro inspirado no impressionismo, o que representa a chegada a Olinda, onde qualquer visitante fica impressionado com a bela arquitetura e a deslumbrante vista para o mar que a cidade proporciona. Após essa ‘epifania’ em Olinda, o retorno a Recife é confirmado pela reprise do frevo do início, mas, agora, numa linguagem francamente tonal. O final é feliz, no tom de si menor”, explica o autor Marcelo Bomfim, flautista da Orquestra Petrobras Sinfônica.
Fechando o concerto está a estreia mundial de “Concerto para dois violoncelos e orquestra”, obra inédita de Francis Hime, especialmente escrita para Hugo Pilger, primeiro violoncelista da Orquestra Petrobras Sinfônica e professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.
“Francis é um músico do mais alto gabarito. O ‘Concerto para dois violoncelos’ é uma obra bastante exigente não apenas do ponto de vista técnico, como musical. Estou muito honrado de estrear a obra junto à Orquestra Petrobras Sinfônica. A missão de uma orquestra é também interpretar o que está sendo feito de novo no mundo musical”, conta Hugo Pilger, líder de naipe da Petrobras Sinfônica.
“Para dividir o palco comigo, convidei o violoncelista Matias de Oliveira Pinto, músico de alta capacidade técnica que vive na Alemanha. É professor catedrático da Musikhochschule Münster e colabora com diversas orquestras alemãs como a Orquestra de Câmara da Filarmônica de Berlim. Somos parceiros de longa data”, completa o violoncelista.