Na última terça-feira (24), a cidade do Rio de Janeiro enfrentou graves restrições no transporte público, como ônibus comuns, trens da Supervia e o corredor Transoeste do BRT devido a uma série de ataques ocorridos na Zona Oeste da cidade. Estes ataques foram uma resposta à morte de Matheus da Silva Rezende, também conhecido como Teteu ou Faustão, um importante membro da quadrilha que dominava a região.
As linhas de ônibus regulares na região operavam com apenas metade da frota disponível, o que causou um significativo impacto na mobilidade dos cariocas. A Supervia, responsável pelo transporte ferroviário na cidade, suspendeu viagens expressas do ramal Santa Cruz para a Central do Brasil e partidas especiais da estação de Campo Grande.
A empresa MOBI-Rio, encarregada do sistema BRT, relatou que os intervalos de tempo entre os ônibus no corredor Transoeste estavam irregulares durante a manhã. Isso resultou em longas esperas para os passageiros, como aqueles que se reuniram na Estação Magarça do BRT, em Guaratiba, alguns deles esperando por até duas horas para pegar um ônibus até a Barra da Tijuca.
A gravidade da situação era evidente quando a Semove, anteriormente conhecida como Fetranspor, afirmou que mais de 2,5 milhões de passageiros seriam afetados por causa dos ataques à frota de ônibus. A reposição dos ônibus incendiados estava prevista para levar cerca de seis meses, e o prejuízo econômico já ultrapassava os R$ 35 milhões. O sindicato dos motoristas de ônibus destacou que, este ano, já haviam sido destruídos 57 ônibus, sendo 40 apenas na cidade do Rio de Janeiro. A falta de seguro para esse tipo de crime complicava ainda mais a reposição dos veículos danificados.
A Semove fez um apelo à colaboração da população, pedindo que informações sobre esses ataques e outros crimes contra o sistema de transporte público coletivo fossem relatadas diretamente às forças de segurança por meio do Disque Denúncia, cujo número é 2253-1177.
Esses ataques em série aos ônibus e a um trem na segunda-feira foram uma retaliação da milícia à morte de Faustão, que tinha conexões entre a milícia e a maior facção de traficantes do estado, o Comando Vermelho. Faustão também era investigado por envolvimento em pelo menos 20 homicídios.
Os ataques resultaram na queima de pelo menos 35 ônibus e de um vagão da Supervia, além de bloqueios em vias importantes, como a Avenida Brasil. Isso afetou bairros como Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra, Tanque e Campinho. O município entrou em estado de atenção, o terceiro nível em uma escala de cinco, indicando que uma ou mais ocorrências afetavam significativamente a rotina da população. O congestionamento na cidade atingiu 58 km, o dobro da média das últimas três segundas-feiras.
Além disso, cerca de 45 escolas municipais foram afetadas, prejudicando mais de 17.000 alunos. Alguns alunos e professores permaneceram nas escolas para garantir sua segurança.
Em resposta a essa onda de violência, pelo menos 12 suspeitos foram presos, e o governador Cláudio Castro classificou os ataques a transportes como “terroristas”. Ele prometeu empenho na captura dos principais líderes do crime, incluindo Zinho, Tandera e Abelha.