Nesta segunda-feira (16), a atriz Fernanda Montenegro completa 94 anos. Na carreira da grande dama da teledramaturgia nacional, não faltam momentos marcantes em sua trajetória no teatro, cinema e TV.
Arlette Pinheiro Monteiro Torre, nasceu em 16 de outubro de 1929, no bairro do Campinho, zona norte do Rio de Janeiro. Atuou em um palco pela primeira vez aos 8 anos para participar de uma peça na igreja. Aos 15, foi contratada pela primeira vez como redatora, locutora e radioatriz da Rádio MEC. Ali, tornou oficial a mudança de nome para o nome artístico que todos conhecemos: Fernanda Montenegro.
“Tinha uma curtição, um humor dentro do sobrenome, parecia uma coisa a la Século XIX. Eu redigia como Fernanda Montenegro e era locutora como Arlette Pinheiro. E a Fernanda Montenegro pegou”, explicou a atriz.
Sucesso no teatro
Durante dois anos participou de cerca de 80 peças, exibidas nos programas Retrospectiva do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Brasileiro. O sucesso foi tão grande, que Fernanda ganhou o prêmio de Atriz Revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952, por seu trabalho em Está Lá Fora um Inspetor, de J.B. Priestley, e Loucuras do Imperador, de Paulo Magalhães.
Em 1954, ela se mudou para São Paulo onde fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Com o marido Fernando Torres formou sua própria companhia, o ‘Teatro dos Sete’ – acompanhada também de Sergio Britto, Ítalo Rossi, Gianni Ratto, Luciana Petruccelli e Alfredo Souto de Almeida. A estreia da companhia fez sucesso com a peça O Mambembe (1959), de Artur Azevedo.
Início da TV
A atriz estreou na TV Rio, em 1963, com as novelas Amor Não é Amor e A Morta sem Espelho, ambas de Nelson Rodrigues. Nesse período, na recém-criada TV Globo, participou da série de teleteatro 4 no Teatro (1965), dirigida por Sérgio Britto. Em 1967, também integrou o elenco da TV Excelsior, interpretando a personagem Lisa, em Redenção, de Raimundo Lopes.
Em 1999, foi um grande ano na carreira da atriz. Além de ter ganhado um Urso de Prata no Festival de Berlim e recebido indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar de melhor atriz por seu trabalho em Central do Brasil (1998), sendo a primeira mulher latino-americana, lusófona e brasileira a ser indicada nessa categoria. Infelizmente, Fernanda perdeu a estatueta para a atriz Gwyneth Paltrow, atriz de Shakeaspere Apaixonado, e de outros sucessos como Vingadores: Ultimato.
Também em 1999, Fernanda Montenegro foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito “pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras”.
A personagem Dona Picucha da série ‘Doce de Mãe’ garantiu a Fernanda, que tinha 83 anos, o prêmio de Melhor Atriz no 41° Emmy Internacional. Fernanda ainda se destaca na literatura: atualmente ela ocupa a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras (ABL) na sucessão do acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco, morto no dia 15 de março de 2020.