Um relatório do Serviço Geológico do Brasil (SGB), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, apontou há nove anos, uma “cicatriz” de cerca de 90 metros no solo da vila Arumã, no interior do Amazonas, o que indicava um processo de deslocamento de massa em curso. Isso comprova que desde 2014, as autoridades já sabiam que, a qualquer momento, o povoado poderia sofrer um desabamento, como o que aconteceu no fim de semana. Mais de 40 casas foram arrastadas para dentro do rio que banha o vilarejo, duas pessoas morreram e outras três seguem desaparecidas.
O laudo fazia parte de um levantamento do SGB sobre ações emergenciais para identificar no município de Beruri, onde fica a vila, as áreas de alto risco e muito alto risco de enchentes e movimentos de terra, que estão demarcadas em vermelho na foto abaixo.
De acordo com o Serviço, naquela época, a comunidade, que fica na margem do rio Purus, a cerca de 6 horas de barco de Manaus, já havia sido afetada por deslizamentos, fenômeno conhecido como “terras caídas”. O documento foi feito com o acompanhamento da Defesa Civil local à época e está disponível para consulta pública no site do SGB.
Segundo o SGB, o Amazonas tem 361 áreas consideradas como de risco hidrológico e geológico. Dentre as áreas, 119 delas estão relacionadas ao fenômeno de terras caídas, incluindo Beruri.
A seca extrema que atinge a região da Amazônia pode ter agravado o desmoronamento de terra na vila Arumã.