Um estudo concluído pela concessionária Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar sobre o impacto sonoro da implantação da tirolesa do Pão de Açúcar indicou que o brinquedo não deve causar poluição sonora no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. O estudo foi finalizado em 18 de setembro e revelou que, de acordo com medições realizadas em seis pontos diferentes da Urca, em diferentes horários, o ruído máximo que os moradores enfrentariam seria de 28 decibéis. Esse nível está abaixo do som produzido, por exemplo, pela respiração humana, que é de cerca de 30 decibéis.
A concessionária havia conduzido uma análise preliminar quando licenciou o projeto, mas decidiu ampliar o estudo em resposta a pedidos dos moradores locais. No entanto, a polêmica em torno da implantação da tirolesa persiste, e as obras estão atualmente embargadas.
A tirolesa, que ligaria os morros Pão de Açúcar e Morro da Urca com quatro cabos de 770 metros de extensão, foi suspensa desde 1º de junho devido a uma liminar obtida pelo Ministério Público Federal. O MPF questiona a emissão da licença para a obra por órgãos como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e Geo-Rio, alegando que a retirada de rochas para a fixação dos cabos descaracterizou o monumento, que é tombado.
A concessionária argumenta que não há risco de danos ambientais, pois a área já havia sido modificada pela ação humana e o projeto foi autorizado por órgãos de preservação. A empresa está buscando a retomada do projeto, com um recurso programado para ser julgado pela 7ª Turma especializada do TRF e uma audiência de conciliação agendada para o final de setembro.
A Unesco também foi envolvida na polêmica, com críticas ao projeto feitas pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos – Brasil), argumentando que ele ameaça o título de Patrimônio Mundial pela Paisagem Urbana do Rio. No entanto, o CEO do Pão de Açúcar, Sandro Fernandes, acredita que as obras serão liberadas, destacando exemplos anteriores de intervenções humanas na paisagem do Rio, como o Cristo Redentor no Parque Nacional da Tijuca e o Aterro do Flamengo.
Quanto ao estudo de ruído, os técnicos consideraram não apenas as medições dos decibelímetros, mas também o uso de capacetes pelos frequentadores da tirolesa, que ajudariam a abafar parte do som. Sem os capacetes, o ruído gerado por quatro usuários descendo simultaneamente aumentaria de 28 decibéis para 33 decibéis.
A Associação de Moradores da Urca (Amour) enfatizou a falta de transparência no processo, tanto na questão do ruído quanto no licenciamento do projeto. A polêmica em torno da tirolesa continua, com a decisão final ainda pendente.