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Holocausto: documento revela que Igreja Católica sabia e não se manifestou

Na carta são descritas as atrocidades cometidas no forno crematório do campo de concentração de Bełzec, localizado na Polônia ocupada pelos nazistas, e também menciona o "campo de Auschwitz"
Foto: Reprodução

Uma carta de 1942 encontrada nos Arquivos do Vaticano sugere que a Igreja Católica tinha conhecimento de que 6.000 pessoas, “principalmente poloneses e judeus”, estavam sendo mortas em fornos todos os dias em Belzec, campo de extermínio nazista na Polônia. O documento encontrado entre os arquivos privados do papa Pio XII foi publicado pelo jornal italiano “Il Corriere della Sera”

O documento inédito, datado de 14 de dezembro de 1942, foi localizado pelo arquivista Giovanni Coco, que garantiu que servirá para tentar “esclarecer e compreender o terrível período em que Pacelli (Pio XII) liderou a Igreja”. “É um caso único, tem um valor enorme”, acrescentou. Na mensagem, enviada pelo jesuíta alemão antinazista Lothar Konig ao secretário particular do papa, são descritas as atrocidades cometidas no forno crematório do campo de concentração de Bełzec, localizado na Polônia ocupada pelos nazistas, e também menciona o “campo de Auschwitz”, afirma o jornal.

Segundo Coco, mesmo que notícias sobre as ações de Adolf Hitler já estivessem chegando aos ouvidos do papa nesta época, essa informação era especialmente importante pelo fato de que, vinha de uma fonte confiável da igreja baseada na Alemanha.
O arquivista, no entanto, afirmou que há a possibilidade de que Pio não tenha visto a carta, mas que ele está “99% certo” porque ela foi entregue ao secretário pessoal do papa, seu “braço direito”. Ele também comentou que Pio tinha medo de falar contra Hitler porque os nazistas atacariam os católicos em retaliação.

Outros historiadores também afirmam que Pio permaneceu em silêncio publicamente porque estava secretamente organizando —ou pelo menos permitindo— que católicos locais ajudassem e salvassem judeus dos nazistas, e ele também temia que os nazistas pudessem atacar os católicos.

A carta, que será divulgada na próxima semana, incluía um apêndice com o número de padres presos no campo de concentração de Dachau, perto de Munique. Mencionava o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia e citava os milhares de poloneses e judeus sendo assassinados pelos nazistas em Belzec.