A menina Heloísa, de 3 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória na madrugada desta quinta-feira (14). A criança está internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) Pediátrico do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, desde que foi baleada por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Arco Metropolitano, no último dia 7 de setembro.
Conforme relatado pela Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, a parada cardíaca foi revertida após seis minutos de esforços médicos. Neste momento, a paciente permanece em estado hemodinamicamente instável e encontra-se sob ventilação assistida. A menina havia sido admitida na unidade hospitalar com ferimentos causados por disparos de arma de fogo, incluindo perfurações no couro cabeludo e na região cervical. Seu estado de saúde permanece extremamente crítico nesta quinta-feira.
O incidente que resultou nos ferimentos de Heloísa ocorreu quando sua família retornava da casa dos avós, localizada em Itaguaí, na Região Metropolitana, por volta das 20h. Eles cruzaram com uma viatura parada em um cruzamento na entrada de Seropédica, na Baixada Fluminense. De acordo com William Silva, pai da criança, não houve ordem de parada, mas os agentes da PRF começaram a seguir o veículo da família, mantendo-se muito próximos. William então decidiu sinalizar para encostar o carro, e quando já estava quase parado no acostamento, o veículo foi alvo de mais de quatro disparos.
Em seu depoimento, um dos policiais explicou que começou a perseguir o veículo junto com outros dois colegas após suspeitarem que o carro era fruto de um roubo. Ele admitiu ter disparado três vezes com um fuzil calibre 556, alegando ter feito isso devido a tiros que supostamente teriam sido disparados na direção do veículo. Entretanto, uma testemunha que estava presente no Arco Metropolitano no momento da ação afirmou que o carro da vítima não tentou fugir da abordagem e não ouviu disparos antes de a criança ser atingida.
O pai da menina esclareceu que adquiriu o veículo apenas dois meses atrás e que os documentos ainda estavam em nome do antigo proprietário. William também afirmou que o vendedor lhe apresentou o recibo de compra e venda do veículo (CRV) durante a negociação e demonstrou ter feito uma consulta da placa no sistema do Detran.
Os três agentes da PRF que estavam na viatura envolvida no incidente foram afastados de suas funções operacionais, e a arma utilizada nos disparos foi apreendida. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.
Adicionalmente, o Ministério Público Federal (MPF) está investigando a entrada de um agente da PRF à paisana no hospital onde a vítima está internada, sem autorização de segurança. O órgão está buscando esclarecer as circunstâncias da presença do policial no CTI e, dependendo das conclusões, poderá denunciá-lo à Justiça Federal por abuso de autoridade. O agente em questão foi identificado como Newton Agripino de Oliveira Filho e já havia sido afastado da instituição por 11 anos em razão de um processo disciplinar, além de enfrentar acusações de injúria e ameaça por parte de um corretor de imóveis.