A faixa de areia ao longo do trecho do Posto 5 da famosa Praia de Copacabana, um dos cartões-postais mais emblemáticos do Rio de Janeiro, praticamente desapareceu, revelando um novo cenário nesta terça-feira. Esse fenômeno é um dos efeitos colaterais de uma forte ressaca que atingiu o litoral do estado nos últimos dias. No lugar da areia, os banhistas estão agora se deparando com grandes pedras que surgiram, formando uma barreira entre o mar e os quiosques do calçadão, que normalmente estão a uma distância segura das ondas.
De acordo com o oceanógrafo David Zee, a direção das ondas desempenha um papel fundamental na explicação desse fenômeno que tem surpreendido os frequentadores da praia. Ele menciona que recentemente ocorreu um fenômeno chamado de “lua azul”, quando a lua está particularmente próxima da Terra e alinhada com o sol. Isso resulta em marés máximas, que elevam o nível da água do mar, provocando a lavagem da areia da praia. Em momentos de maré baixa, as ondas encontram-se na água do mar, mas quando a maré está alta, elas batem no calçadão, causando a erosão da praia.
Zee também destaca que a região do Posto 5 de Copacabana é especialmente vulnerável a esse fenômeno devido à sua estreiteza e à falta de espaço para dissipar a energia das ondas. Consequentemente, a maré alta acaba varrendo a faixa de areia da praia, expondo as pedras que antes estavam ocultas.
O oceanógrafo Mario Barletta acrescenta que essa região, aparentemente aterrada, é particularmente afetada por ressacas intensas, que são frequentes nos meses de março, abril, agosto e setembro. Ele aponta que a solução para esse problema seria investir na manutenção do calçadão, uma medida que poderia contribuir para minimizar os efeitos dessas ressacas.
Além disso, o engenheiro ambiental Maicon Victorino explica que muitas das pedras que agora são visíveis após a ressaca não foram trazidas pelas ondas, mas fazem parte das fundações utilizadas na construção do bairro de Copacabana. Portanto, essas pedras não foram deslocadas, mas sim expostas devido à erosão da areia.
A Subprefeitura da Zona Sul informou que realizou uma vistoria na área com técnicos da Orla Rio, responsável pela infraestrutura dos quiosques locais. De acordo com a concessionária, a ressaca não comprometeu a estrutura dos quiosques, uma vez que essas unidades foram construídas para resistir a adversidades desse tipo. A Orla Rio está em contato com a Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva) desde domingo para monitorar a situação na praia e foi solicitado que a área fosse isolada preventivamente para evitar acidentes.
A Defesa Civil também realizou uma vistoria nos quiosques localizados entre os postos 4 e 5 da orla de Copacabana. Verificou-se que as pedras que fazem a proteção dos quiosques foram removidas pela força do mar. Apesar disso, não foi necessário interditar a área, mas a região foi isolada preventivamente para garantir a segurança dos frequentadores da praia e dos usuários dos quiosques. A concessionária Orla Rio foi acionada para restaurar a proteção dos quiosques com as pedras.
O Centro de Operações Rio (COR) emitiu um alerta sobre a chegada de uma frente fria, que trouxe consigo rajadas de vento, afetando o clima na cidade do Rio de Janeiro. Durante esse período, foi registrada uma rajada de vento particularmente forte na estação Marambaia, atingindo a velocidade de 59,4 km/h, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Este evento meteorológico contribuiu para as condições adversas que afetaram a praia e a costa local.