As Comissões de Defesa Civil e de Esporte e Lazer, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), vão encaminhar um relatório à Secretaria de Estado de Esportes e Lazer (SEEL) com propostas para melhorar o ordenamento no entorno de estádios no Rio de Janeiro. Entre as sugestões, debatidas em audiência pública realizada nesta terça-feira (30/05), no Plenário do Parlamento fluminense, estão a criação de um espaço “fan fest” na região do Maracanã e a implantação de um estacionamento no Estádio de Atletismo Célio de Barros, que se encontra inativo há um longo tempo.
Presidente da Comissão de Defesa Civil e responsável por convocar a audiência, o deputado Otoni de Paula Pai (MDB) disse que o estacionamento irregular e a alta concentração de torcedores pelas ruas, nos dias de jogos, estão entre os principais problemas levados à comissão por cidadãos que moram próximo a estádios. “Estamos preocupados com os fatos ocorridos nos últimos anos. Pseudo-torcedores têm transformado o entorno dos estádios em verdadeiros campos de batalha, além da desordem com estacionamentos irregulares e ambulantes sem sinalização”, disse.
Para o presidente da Comissão de Esporte e Lazer, deputado Carlinhos BNH (PP), a implantação do estacionamento no Célio de Barros, que faz parte do complexo esportivo do Maracanã, poderia reprimir a atuação de flanelinhas e diminuir o estacionamento desordenado nas ruas do entorno. “No Maracanã, o torcedor tem conforto dentro do estádio, mas, fora dele, tanto o torcedor quanto o morador passam por transtornos. Flanelinhas brigam para estacionar na porta da casa das pessoas ou em cima da calçada”, frisou.
O presidente da Comissão de Estudos do Juizado Especial do Torcedor (Cejet) da Ordem dos Advogados do Brasil seccional do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Marcelo Vargas, defendeu a implantação do espaço “fan fest” e destacou que os problemas elencados no entorno do Maracanã também são observados em outros estádios do Rio, como São Januário e Nilton Santos (Engenhão), mas em menor intensidade. “Quando não há organização, há problemas. O Maracanã foi reformado para a Copa do Mundo de 2014, mas não está entregando aquilo para o qual foi concebido”, opinou.
A deputada Martha Rocha (PDT) recordou que, na última segunda-feira (29/05), a Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia realizou uma audiência pública para discutir o aumento dos índices de violência na região na Grande Tijuca, onde está localizado o Maracanã. “O que contribui para esses altos índices é também a desordem urbana. Os moradores do entorno são aqueles que sofrem, de uma forma mais intensa, as consequências da falta de ordenamento”, relatou.
Falta de acessibilidade
O vice-secretário de Esporte para Saúde e Pessoas com Deficiência do Estado do Rio de Janeiro, Renato de Paula, destacou que a falta de ordenamento no entorno dos estádios prejudica a acessibilidade para pessoas com deficiência (PCDs). “Temos que dar voz às pessoas com deficiência, que experimentam, na pele, esse caos”, afirmou.
Marcelo Silva Cardoso, paratleta de natação, é frequentador do Maracanã e precisa de uma cadeira de rodas para se locomover. Ele enfatizou a dificuldade para acessar o estádio em dias de jogos. “A gente disputa espaço com ambulantes ilegais, sem contar o acúmulo de pessoas. Tenho conhecidos que passam dificuldade para chegar e sair do estádio porque o acúmulo de torcedores, somado à falta de acessibilidade nas adjacências, dificultam muito o acesso”, pontuou.
Também participaram da audiência os deputados Alan Lopes (PL), Índia Armelau (PL) e Rodrigo Amorim (PTB); o presidente da Associação Nacional de Torcidas Organizadas (Anatorg), Luiz Cláudio do Carmo; a gerente e representante da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro, Raquel Cruz da Silva; o representante do Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Estado de Defesa Civil, capitão Silvio Pereira da Silva Júnior; além de associações representativas de moradores do entorno do Maracanã.