Dezenas de pessoas em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, se inscreveram em um curso de formação de aquaviário de moço de convés, credenciado pela Marinha do Brasil, com a expectativa de conseguir emprego em navios da Marinha Mercante e receber salários entre R$ 3 mil a R$ 5 mil. Cada pessoa investiu mais de R$ 10 mil no curso, confiantes em um futuro promissor na área marítima.
No entanto, para a decepção dos alunos, o curso jamais aconteceu. Apesar de ser credenciada pela Marinha até novembro deste ano, a empresa MB Martins, que se apresenta como especialista em cursos de ensino profissional marítimo e tem sede na Ilha da Conceição, não cumpriu com suas promessas de oferecer aulas e especialização. Dezenas de alunos relatam que pagaram pela formação, mas não tiveram nenhuma aula ou oportunidade de aprendizado.
Os alunos buscaram a MB Martins após perceberem que o certificado era necessário para conseguir emprego na área. A empresa, em suas redes sociais, afirma ter mais de dez anos de experiência no setor, o que deu uma falsa sensação de segurança aos alunos, levando-os a se inscreverem e pagarem pelo curso.
Um dos alunos, o motorista de aplicativo Charles André, relatou ter vendido seu veículo e utilizado a rescisão do emprego para arcar com o valor cobrado pela inscrição, cerca de R$ 10 mil. Outros também enfrentaram dificuldades financeiras para investir no curso, confiando nas promessas da empresa.
Os alunos afirmam ter tentado entrar em contato com a MB Martins diversas vezes, mas as conversas sempre terminam sem solução. Manuel Marcelino dos Santos, um dos sócios da empresa, alega que está trabalhando para fazer o estorno do dinheiro, mas em outras ocasiões, afirma estar “descapitalizado”. Ele enviou áudios aos alunos tentando convencê-los a não falar com a imprensa, temendo que isso prejudique ainda mais a situação.
Diante do prejuízo e da falta de respostas da MB Martins, os alunos registraram o caso em delegacias de Niterói e na Polícia Civil da Bahia, uma vez que alguns alunos vieram do estado vizinho para realizar o curso. A situação está sendo investigada como estelionato.
A Marinha do Brasil também tomou ciência do caso após receber denúncias na ouvidoria e iniciou um procedimento administrativo para apurar a situação. No entanto, até o momento, os alunos ainda não receberam o ressarcimento e continuam em busca de uma solução para o problema.
Enquanto a questão permanece sem resolução, os alunos enfrentam frustração e indignação diante do descaso da empresa e da quebra de confiança em relação ao curso que jamais foi realizado. O sonho de ingressar na Marinha Mercante e ter uma carreira promissora na área marítima se transformou em um pesadelo de prejuízos financeiros e incertezas sobre o futuro profissional.