Técnicos do Inea encontram quantidade excessiva de surfactantes em empresa investigada por poluir o Rio Guandu; abastecimento de água interrompido” Técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) identificaram uma concentração de surfactantes acima do limite legal na galeria de águas pluviais da empresa Burn Indústria e Comércio, localizada em Queimados, na Baixada Fluminense. Essa substância química é conhecida por aumentar a solubilidade de compostos orgânicos na água e está ligada ao lançamento irregular de detergente no rio Guandu, o que causou a suspensão do abastecimento de água no Rio de Janeiro. A quantidade de surfactantes encontrada foi o dobro do permitido por lei.
Em resposta à alta concentração de surfactantes, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) interrompeu o abastecimento de água proveniente da Estação de Tratamento Guandu, que atende a mais de 11 milhões de pessoas na Região Metropolitana do estado. Espuma branca foi observada no manancial, levando a Cedae a adotar medidas preventivas, incluindo o fechamento temporário da captação e o desvio da água poluída.
A empresa Burn Indústria e Comércio é investigada por supostamente despejar resíduos no rio Guandu, causando a poluição e consequente interrupção do fornecimento de água. Além da alta concentração de surfactantes, foram encontrados diversos materiais perfurocortantes, como tesouras e alicates, no local.
A ação conjunta envolveu o Inea, a Secretaria de Ordem Pública, a Diretoria de Pós-Licença e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. A empresa Burn enfrenta a possibilidade de multa no valor de até R$ 50 milhões por infração ambiental.
A investigação também evidenciou que o despejo inadequado de esgoto doméstico não tratado é um problema sério na região. O Rio Guandu já apresentou dezenas de irregularidades industriais nos últimos cinco anos, resultando em multas que somam mais de R$ 3,2 milhões por riscos ao sistema de abastecimento de água.
A Burn Industria e Comércio LTDA, apesar de possuir licenças para atividades relacionadas à produção de produtos de higiene e limpeza, é acusada de descarte irregular de produtos químicos. A empresa nega as acusações e afirma seguir padrões internacionais de controle de resíduos e operar com tecnologia avançada que não teria relação com a presença de substâncias no rio Guandu. A Polícia Civil pediu a interdição da empresa após as suspeitas de poluição.